A Renamo afirmou, nesta terça-feira (10), em Maputo, que o cessar-fogo só será restabelecido quando as Forças de Defesa e Segurança (FDS) pararem de atacar os seus homens e as suas posições. “O cessar-fogo só voltará se o Governo parar de atacar as forças da Renamo. Se continuar a atacar, o Governo será respondido. Serão perseguidos até seu local de proveniência e, se calhar, até às escolas de formação onde esses militares são treinados militarmente”.
O porta-voz do gabinete do presidente deste partido político, António Muchanga, fez essa declaração minutos depois do encontro que manteve com a Comissão Nacional dos Direitos Humanos (CNDH), no qual este pediu ao partido liderado por Afonso Dhlakama que continuasse a insistir pela via do diálogo com o Executivo de Moçambique e que a via das armas, como solução dos diferendos, fosse anulada.
Muchanga disse que está a notar que as vozes de preocupação só apareceram quando a Renamo anunciou a suspensão do cessar-fogo, na semana passada, mas que todos ficaram em silêncio quando ele chamou atenção para a retomada dos ataques supostamente protagonizados pelas FDS, a partir do dia 28 de Maio último.
No encontro com a CNDH, presidido pelo jurista Custódio Duma, a Renamo afirmou ter apelado a esta no sentido de não limitar sua atenção áquilo que acontece no troço Muxúnguè e Rio Save, mas que se interessasse por tudo que acontece neste país, sobretudo na zona de Gorongosa, no troço Vanduzi/Casa Banana, onde as populações tem suas casas destruídas, casas de membros da Renamo são vandalizadas, homens a serem mortos e mulheres a serem violadas.
“Pedimos a CNDH a redobrar esforços no sentido de ver como andam as cadeias no Comando da Cidade de Maputo e no Comando Provincial de Nampula, onde há muita gente presa sem tem processos formalizados”, disse Muchanga.
O porta-voz da Renamo voltou a acusar o Governo de ter violado o “acordo” de cessar-fogo, facto que resultou na retomada dos ataques na região centro do país. “O cessar-fogo só voltará se o Governo parar de atacar as forças da Renamo. Se continuar a atacar, o Governo será respondido. Serão perseguidos até seu local de proveniência e, se calhar, até às escolas de formação onde esses militares são treinados militarmente”.
Apesar dessas declarações, o presidente da CNDH acredita que depois do encontro que manteve com os quadros seniores da Renamo a situação poderá melhorar nos próximos dias.
“Neste momento, a via que liga a região centro e sul está praticamente bloqueada e nós sabemos que a maior parte dos moçambicanos circula de carro o que torna o situação muito prejudicial para a vida de muitos cidadãos. Achamos que o nosso apelo foi ouvido. Esperamos que haja sucesso nos próximos dias”,disse Duma.
O encontro com a Renamo aconteceu a pedido da CNDH e nos próximos dias ela reunirá com o Primeiro-Ministro moçambicano, Alberto Vaquina, com o mesmo objectivo de discutir a tensão política em que o país se encontra mergulhado.
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