Enquanto os ataques não cessam na região centro de Moçambique e o líder da Renano, Afonso Dhlakama, ameaça dividir o país a partir da região onde comanda os incursões militares, sobretudo no troço Muxúnguè/Rio Save, o Governo e a Renamo continuam sem consenso em relação à reorganização do exército, do mais baixo ao mais alto escalão, e à desmilitarização do antigo movimento rebelde.
Ao contrário do que era habitual no fim de cada sessão, nesta segunda-feira (09), no término da 61ª ronda do diálogo político, a Perdiz evitou o contacto com a Imprensa e ausentou-se do Centro Internacional de Conferências Joaquim Chissano (CICJC) sem dar o briefing.
Entretanto, Gabriel Muthisse, que substitui José Pacheco na mesa do diálogo com a Renamo, disse que este partido recusa ser desmilitarizada porque pretende continuar a protagonizar ataques em Gorongosa, na província de Sofala.
O partido liderado por Dhlakama exige que o Governo retire as Forças de Defesa e Segurança (FDS) posicionados naquele ponto do país com vista a permitir a saída do seu líder das matas. A seguir a esse passo todos os instrumentos bélicos serão entregues a uma instituição supostamente credível de modo a cessar as hostilidades no país. De acordo com Gabriel Muthisse, o Executivo não pode confiar na Renamo porque ela já disse várias coisas que no fim não cumpriu e enveredou pela via armada, optando, neste momento, por perpetrar ataques contra alvos militares e civis.
A insistência da Perdiz na reorganização das FDS e na retirada das Forças Armadas de Gorongosa sem que seja desmilitarizada, pode ser o ponto que mais discórdia pode gerar entre as partes, reconheceu Muthisse, para quem a recorrência da Renamo aos ataques é uma demonstração cabal de que ela não cumpre com as suas próprias palavras e as hostilidades continuam mesmo depois de os membros da Renamo terem sido incorporados nos órgãos eleitorais, incluindo no Secretariado Técnico de Administração Eleitoral.