O líder da proscrita Irmandade Muçulmana e 682 outras pessoas começaram a ser julgados na terça-feira por várias acusações, inclusive homicídio, segundo o advogado do grupo, em mais um golpe para os partidários do presidente deposto do Egito Mohamed Mursi.
O julgamento de Mohmed Badie, de 70 anos, e de seguidores seus começa um dia depois de o mesmo tribunal, na província de Minya, condenar à morte 529 membros do grupo islâmico, no que as entidades de direitos humanos disseram ser a maior sentença colectiva à pena capital na história moderna do Egito.
A Irmandade tem sido duramente reprimida desde Julho, quando o Exército depôs Mursi, da Irmandade, o primeiro presidente democraticamente na história egípcia. Queixando-se de irregularidades, os advogados de defesa boicotaram a audiência judicial da terça-feira, assistida por 60 dos réus.
“Evitamos comparecer… porque o juiz violou os procedimentos da lei penal e não permitiu que (os advogados) apresentassem a sua defesa”, disse o advogado Adel Ali à Reuters. Segundo ele, 77 réus estão presos, e os demais foram libertados sob fiança ou estão foragidos.
Os julgamentos colectivos podem intensificar as tensões e desencadear mais violência no mais populoso país árabe. Centenas de pessoas morreram por causa de confrontos políticos nos últimos meses, e uma insurgência islâmica está a espalhar-se pelo país.
A Irmandade, com estimados 1 milhão de membros, venceu a maioria das eleições disputadas desde a deposição de Hosni Mubarak, em 2011, mas o actual governo implantado pelos militares qualificou a entidade como “terrorista”. O grupo – que já sobreviveu anteriormente a décadas de repressão – diz-se voltado para o activismo pacífico.