A empresa chinesa AFEC poderá passar a explorar os jazigos do projecto das areias pesadas de Chibuto, na província meridional de Gaza, depois de ter sido seleccionada e convidada pelo Governo para proceder ao levantamento exaustivo das potencialidades daquele empreendimento e apresentar resultados de um estudo de viabilidade do projecto num prazo de nove meses contados a partir de Fevereiro de 2014.
A apresentação deste trabalho consta de um documento assinado entre o Governo e aquela empresa chinesa, segundo Eduardo Alexandre, director nacional de Minas, falando esta quarta-feira ao Correio da manhã, vincando que “se a AFEC nos convencer com os resultados dos estudos de viabilidade que solicitámos, efectivamente, ficará com o projecto”.
As actividades de prospecção e pesquisa das areias pesadas de Chibuto tiveram lugar em 1997, a cargo da BHP Billiton, maior empresa de mineração do mundo criada em 2001 a partir da fusão da Broken Hill Proprietary Companhy, empresa australiana, com a inglesa Billiton que operava na África do Sul.
A sua licença foi cancelada pelo Governo moçambicano devido ao incumprimento do calendário pré-estabelecido para o arranque da exploração, para anos depois a ministra dos Recursos Minerais, Esperança Bias, voltar a determinar a anulação do concurso restrito lançado em 2012 para o desenvolvimento dos jazigos das areias pe- sadas de Chibuto devido ao incumprimento dos prazos por parte da empresa então vencedora.
As areias pesadas de Chibuto são um dos recursos minerais estratégicos para Moçambique e estudos feitos indicam a existência de mais de 72 milhões de toneladas de ilmenite, cuja exploração levaria pelo menos 30 anos. Depois da BHP Billiton, o projecto foi concessionado a uma companhia canadiana que também teve a sua licença cancelada por falta de cumprimento de prazos.
Frisa-se que o Governo pretende seleccionar uma companhia que, de acordo com os termos de referência, tenha linhas orientadoras e critérios de avaliação e que apresente o melhor plano para o desenvolvimento do depósito das areias pesadas de Chibuto, incluindo o desenvolvimento de infra-estruturas associadas ao projecto.
Os minerais contidos no projecto de Chibuto são de um teor diferente do que abunda no projecto de Moma na província nortenha de Nampula, pois, no projecto de Chibuto, o tipo de tecnologia necessária para a exploração dos minérios ali contidos é de outro nível de sofisticação e requer investimentos avultados. Algumas empresas a que já tinha sido adjudicado o projecto acabaram achando que não tinham capacidades para levar adiante a actividade de exploração.
A primeira adjudicação do projecto foi para a empresa australiana Corridor Sands, que mais tarde vendeu o empreendimento à BHP Billiton e depois de vários ensaios, em 2009, esta companhia mostrou indisponibilidade tecnológica para a exploração das areias pesadas, deitando por terra as expectativas que tinham sido lançadas de inves- timentos que iriam gerar cerca de um milhar de empregos, entre directos e indirectos.