Antes de Deus se esvaziar em Jesus, para que Este nascesse em carne, e libertasse os Seus filhos do pecado, já se tinha manifestado em muitos lugares. Em todos os locais por Ele criados, deixando sinais parabólicos que não serão entendidos por todos, como agora que Jehová misericordioso chama a todos e a todos não escolhe.
Em tempos, Ele desceu diante de Moisés que vagueava no deserto e bramiu: “Moisés, deixa tudo isso que estás a fazer e vai ao Egipto libertar os meus filhos”. E Moisés retorquiu: “Porque é que tenho que ser eu a ir ao Egipto libertar os Teus filhos?” E Jehová retornou: “Porque não tens que ser tu a ir ao Egipto libertar os meus filhos?”.
– Mas eu sou gago!
– Quem te deu a gaguez fui Eu. Ademais, não serás tu a falar quando chegares lá. Será o teu irmão, o Arone. Agora vai. E não olha para trás, porque aqueles que olham para trás não serão dignos de mim.
Moisés, que trazia uma bengala nas mãos, tremeu perante a Voz serena e inexcedível que falava no espaço. Titubeou. E Deus voltou a trovejar: “Tira as alparcas que protegem os teus pés, porque a terra que agora te vai acolher é Sagrada”.
As fartas vestes de Moisés esvoaçaram ao vento sibilante e, na verdade, em obediência ao Alfa e Ómega, despiu as alparcas. E Deus ordenou: “Agora deita essa bengala no chão”. Moisés cumpriu as ordens do seu Criador e eis que a bengala se transforma em serpente que se vira contra o homem terrificado pelo réptil. E logo Jehová, contemplando aquela maravilha que operava no seu filho, disse: “Pega nessa serpente pela cauda!” Moisés anuiu e a serpente transformou-se novamente em bengala.
– Agora acreditas que Eu sou o Todo-Poderoso? O Criador do Céu e da Terra?
– Acredito, Senhor.
– Homem de pouca fé! Agora vai para onde te mando.
Moisés cumpriu a missão suprema que recebia directamente de Deus. Foi ao Egipto. Rebentou, com as suas próprias mãos, as grades de aço que blindavam as celas e tirou de lá os filhos de Deus escravos de Faraó. Levou-os a Canaã, onde emana leite e mel e paz e amor.
Esta passagem bíblica, com laivos de ficção, despertou-me da memória factos que presenciei quando há cerca de três semanas fui a Homoíne, onde se protagonizou o tristemente o célebre massacre (1987) que não poupou nem as mulheres grávidas, nem as crianças, nem os velhos. Testemunhei, num cenário de guerra, o drama.
As populações, depois de terem sido libertadas de uma guerra fratricida, estúpida, criminosa e hedionda, que ceifou milhares de vidas, quase um milhão de mortos, e depois de se reinstalarem nas suas aldeias, como o fez o povo de Israel depois de ter sido libertado por Moisés, eis que agora voltam novamente para o castigo e para o crime.
Alexandre Chaúque