Os manifestantes que tentam derrubar a primeira-ministra tailandesa saíram às ruas de Bangcoc, esta terça-feira (7), para divulgarem apoio aos planos de paralisar a capital na próxima semana por meio de bloqueios viários e de acções para impedir que o governo funcione.
A primeira-ministra Yingluck Shinawatra convocou eleições extraordinárias a serem realizadas a 2 de Novembro, mas os manifestantes, cientes de que ela provavelmente venceria com o apoio de tailandeses pobres do norte e nordeste, querem que a primeiro-ministro renuncie e seja substituída por um “conselho popular” não electivo, que levaria a cabo um pacote de reformas eleitorais.
Um repórter da Reuters disse que pelo menos 5.000 manifestantes separaram-se do acampamento principal dos manifestantes, junto ao Monumento à Democracia, no bairro histórico da cidade, e atravessaram o rio Chao Phraya até o bairro de Thonburi e depois voltaram, evitando o centro da cidade.
A polícia, de início, não apresentou uma estimativa da multidão. Os manifestantes, ligados principalmente à classe média e à elite de Bangcoc, acusam Yingluck de ser um fantoche do seu irmão, o bilionário ex-primeiro-ministro populista Thaksin Shinawatra, que vive voluntariamente exilado desde que foi derrubado por um golpe de Estado, em 2006.
Os protestos são maioritariamente pacíficos, mas os confrontos entre policiais e manifestantes em frente a um órgão de registo eleitoral, a 26 de Dezembro, deixaram vários feridos e algumas pessoas baleadas por atiradores misteriosos. Quatro pessoas, incluindo dois policiais, morreram por causa dos tiros. As autoridades dizem que 20 mil policiais, apoiados por militares, serão mobilizados nas ruas na segunda-feira, primeiro dia da paralisação pretendida.
“Esperamos grandes multidões na segunda-feira e estamos preocupados com a probabilidade de violência… especialmente se os terceiros tentarem instigar à violência”, disse à Reuters o chefe do Conselho Nacional de Segurança, Paradorn Pattanathabutr, acrescentando que “caso a situação se deteriore a primeira-ministra poderá decidir por um estado de emergência”.
Mas, observou, “a decisão será somente dela”. Os temores de uma intervenção, num país que teve 18 golpes ou tentativas em 81 anos de frágil democracia, estão a crescer. O Exército depôs Thaksin em 2006, e a sua cúpula é próxima do “establishment” monarquista que apoia o líder dos manifestantes, Suthep Thaugsuban.
O comandante do Exército, general Prayuth Chan-ocha vem tentando manter a neutralidade dos militares, mas alguns comentários seus têm sido ambíguos. Na terça-feira, por exemplo, perguntado por jornalistas sobre a possibilidade de um golpe, ele disse: “Não tenham medo de coisas que ainda não aconteceram… Mas, se acontecerem, não se assustem. Há rumores assim todo o ano”.