Policiais militares cambojanos abriram fogo com fuzis para dispersar, esta sexta-feira (3), um protesto por maiores salários realizado por operários do sector de vestuário, num acto de repressão que deixou quatro pessoas mortas, segundo acusam grupos de defesa dos direitos humanos.
O caos durante as greves nacionais continua pelo segundo dia, desde que as forças de segurança foram accionadas para conter as manifestações organizadas por milhares de operários, que recusam-se a retirar-se e reagem a lançar garrafas, pedras e bombas de gasolina, na zona industrial de Phnom Penh.
O confronto representa uma escalada da crise política no Camboja, onde os operários em greve e os manifestantes contrários ao governo uniram-se num movimento liderado pelo oposicionista Partido do Resgate Nacional do Camboja (PRNC).
Os sindicatos que representam os operários insatisfeitos juntaram-se aos activistas da oposição em protestos contra o governo do primeiro-ministro Hun Sen, pedindo a repetição das eleições de Julho, que a oposição alega ter sido fraudada.
Os militares que confrontam os manifestantes disparam balas reais, disseram os jornalistas da Reuters, e cartuchos da munição depois foram encontrados espalhados pelo chão do local.
Os confrontos ocorreram no Parque Industrial Canadia, em Phnom Penh, onde ficam as sedes de fábricas que confeccionam roupas para marcas ocidentais, incluindo a Adidas, Puma e H&M Hennes & Mauritz.
O grupo de direitos humanos LICADHO descreveu o incidente como “terrível” e criticou fortemente os militares, acrescentando ter encontrado, em buscas por hospitais, quatro pessoas mortas e 21 feridas.