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Faleceu Virgílio de Lemos, o Poeta das Ilhas

Faleceu Virgílio de Lemos

Faleceu na noite de 6 de Dezembro, em Les Moutiers en Retz (Nantes, França), o poeta moçambicano Virgílio de Lemos.

Natural da Ilha do Ibo, onde nasceu em 1929, Virgílio de Lemos desde muito cedo foi-se enriquecendo de culturas e estilos multifacetados que marcaram profundamente a emergência de uma das vozes referenciais da literatura moçambicana. Aliás o “criolismo”, por ele rebaptizado de “barroco estético”, é uma corrente na qual o próprio Poeta se inseria e onde caberiam moçambicanos oriundos do século XX. Estes intelectuais procuravam incessantemente uma identidade sempre em movimento, numa forma de antropofagia cultural baseada na mestiçagem.

Residente em Paris desde 1963, jornalista e notável colaborador da Radio France Internationale (RFI), Virgílio de Lemos tem colaboração dispersa na imprensa, quer em Moçambique quer no estrangeiro, e utilizou os heterónimos de Duarte Galvão, Bruno dos Reis, Lee-Li Yang, entre outros. Em 1952 foi o editor do caderno de poesia Msaho, juntamente com Reinaldo Ferreira e Domingos de Azevedo.

Obras de Virgílio de Lemos

Virgílio de Lemos publicou o seu primeiro livro de poemas, Poemas do tempo presente, em 1960. Seguiram-se Object à trouver (1988), L’obscene penseé d’Alice (1989), L’aveugle et l’absurde (1990), Negra azul – Retratos antigos de Lourenço Marques de um poeta barroco, 1944-1963 (1999), Eroticus moçambicanus (1999), Ilha de Moçambique – A língua é o exílio do que sonhas (1999), Lisboa, oculto amor (2000), Para fazer um mar (2001), A invenção das ilhas (2009) e Meu mar te tochas líquidas (2009), este último sob o heterónimo de Lee-Li Yang. Ainda em 2009, foi publicado o primeiro volume da antologia Jogos de prazer, que inclui todos os seus heterónimos e, em 2012, A dimensão do desejo (precedido de Utopia até morrer ou Entre a esperança e o sentido – poemas de evocação a Reinaldo Ferreira).

Entre as intervenções públicas e os ensaios, destacam-se o “Discurso de Berlim – Amor, irreverência e morte” (1964) e “Eroticus Mozambicanus” (1997), que pode ser considerado como o manifesto do “barroco estético”.

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