Podem ser várias as causas, entretanto irei sistematizar algumas que considerei principais:
1. Porque o Estado não tem a preocupação, pelo menos, material para resolver o problema crónico, através de políticas que priorizam aquisições de transporte público para todos, em detrimento de aviões, navios e armamento.
2. Porque o sector privado, que se espera ser meio alternativo, não é incentivado para o exercício da actividade, devido a sobrecarga fiscal e legislativa. Há um arcabouço burocrático para a legalização do chapa aditado a licenças bastante onerosas. O que mais favorece a polícia camararia! Fica a leve ideia de que o Estado não quer fazer e não quer deixar ninguém fazer com perfeiçao.
3. Porque os gestores públicos da área, a todos os níveis, (Ministério dos Transportes e Comuicação, Conselho Municipal e a Empresa TPM) estão mais preocupados com a elitização dos transportes do que a sua massificação. Daí a institucionalização dos Expressos,Mboralás, Vips, turismo, etc. que infelizmente não transporta o povo. O povo continua apilhado nas paragens, enquanto os TPM circulam vazios pela cidade, condicionando o seu acesso.
4. Porque as elites governamentais confundem ou fazem confundir, outrossim, o termo crescimento económico do desenvolvimento económico, para a folga social e política. Porquanto, na verdade, o país regista um crescimento económico assinalável e invejável , entretanto, não acompanhado do desenvolvimento que tanto se almeja. O execesso de viaturas incineráveis não pode ser confundido com desenvolvimento, como temos ouvido muitas vezes dizer: “O engarrafamento na cidade é problema do desenvolvimento”.
Enquanto na realidade, toda esta maioria não tem educação de qualidade, vemos pela forma arrogante e descuidada com que conduzem; não têm acesso a saúde de qualidade, não têm alimentação diária digna de realce.
As pessoas são transportadas dentro de grandes centros urbanos em carinhas caixa aberta sem cobertura para protecção de sol, vento e chuva, em condição desumana. Entretanto, criamos uma sociedade pouco futurista e esbanjista dos parcos recursos económicos de que dispomos, tudo para que o outro veja, que também podemos.
5. Um autor disse outrora, que um país é desenvolvido quando o rico, no seu quotidiano laboral deixa o seu transporte pessoal, para andar de transporte público e não quando o pobre contrai empréstimo bancário à todo custo, para poder viajar condignamente para o seu local de serviço. Não me parece nem tão pouco que essa situação tende a mudar no meu país.
6. Para finalizar, vou parafrasear um filósofo francês Joseph-Marie Maistre (1753-1821) que afirmou: “CADA POVO TEM O GOVERNO QUE MERECE” e se as condições actuais supra são estas, pode ser que mereçamos mesmo, porque no dia do voto consciente o povo escolhe o quer.
Celsio Bila