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Batalha entre peronistas e radicais unificados em eleições argentinas

As forças governistas e dissidentes do peronismo, no poder na Argentina, vão livrar nas eleições legislativas de junho uma luta sem quartel pelo poder e a liderança partidária, ante um radicalismo social-democrata que se reunifica e ressuscita depois de 20 anos.

Ao encerrar na quarta-feira o registro de alianças para as eleições de 28 de junho, a presidente Cristina Kirchner e seu marido, o líder peronista e ex-mandatário Néstor Kirchner (2003-2007), inscreveram sua Frente Justicialista para a Vitória (FJV), ameaçada de perder a maioria no Congresso. A principal novidade foi o reagrupamento de “caudillos” da União Cívica Radical (UCR, social-democrata), dispersa depois da queda do ex-presidente radical conservador Fernando de la Rúa (1999-2001), em seguida a uma revolta popular. “Há uma tentativa de restauração radical, enquanto o peronismo corre o risco de dividir-se ainda mais pelo declínio de popularidade do kirchnerismo”, comentou para a AFP o consultor Ricardo Rouvier.

Os Kirchner dramatizam a votação destinada a renovar a metade da Câmara de Deputados e um terço do Senado ao afirmar que é um plebiscito sobre seu modelo estatizante, industrialista e antineoliberal. A esse respeito, a socióloga Doris Capurro disse à AFP que “o que está na berlinda é a aprovação ou a punição ao Governo”.

A diferença em relação às últimas eleições é que o vento a favor dos Kirchner por um crescimento da economia de quase 9% anual foi freado bruscamente pela crise mundial. Pela primeira vez em seis anos de hegemonia dos Kirchner, líderes peronistas dissidentes de todo o país buscam converter as eleições em trampolim para arrebatar do casal a liderança partidária e lançar-se às presidenciais de 2011.

Sobre este confronto, a empresa Ibarómetro fez uma pesquisa na província de Buenos Aires (2.000 casos), segundo a qual o chamado ‘peronismo opositor’ está mais identificado como uma nova direita neoliberal”. Um grupo de peronistas dissidentes lança o ex presidente Eduardo Duhalde (2002-2003), inimigo feroz dos Kirchner, para disputar a província de Buenos Aires (centro-leste), com quase 40% de eleitores, em nível nacional.

Os “duhaldistas” se fortaleceram ao aliar-se com o partido de direita PRO, do prefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri, cujos candidatos para a capital estão à frente nas pesquisas. Outro bloco peronista dissidente cerca o senador e ex-corredor de Fórmula Um, Carlos ‘Lole’ Reutemann, lançado à corrida para 2011 pela província agroindustrial de Santa Fé (centro-leste), o quarto distrito em população.

Segundo o analista político Rosendo Fraga “na verdade, a situação pré-eleitoral mostra uma crisis profunda dos partidos”. A última vez em que a UCR se apresentou unida foi nas presidenciais de 1989, conquistadas pelo peronista neoliberal Carlos Menem (1989-1999). Uma surpreendente ressurreição do radicalismo se produziu no começo de abril nos funerais de Raúl Alfonsín (1983-1989).

Para o ninho radical retornou o vice-presidente Julio Cobos, um dos políticos de maior popularidade no país, depois de passar para a oposição em 2008, ao rejeitar a política agrária dos Kirchner.

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