O Governo moçambicano e a Renamo, o maior partido da oposição, devem retomar o diálogo político de forma mais objectiva e resolverem definitivamente os diferendos sobre o Acordo de Roma, com vista a desanuviarem a tensão que se vive no país, defendeu esta terça-feira (22) o chefe da bancada do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Lutero Simango. Simango disse ainda que o diálogo não deve servir para “hipotecar” o futuro de Moçambique através de tomada de decisões que beneficiem apenas os dois grupos, pois “o futuro de Moçambique não pertence aos dois, mas a todos nós.”
“Todos nós temos responsabilidades e é preciso que se fale abertamente sobre a reconciliação nacional. Se ela é, ou não, efectiva,”, referiu. Para este político, “o diálogo das segundas-feiras” ao invés de renovar as esperanças dos moçambicanos está, cada vez mais, a criar incerteza sobre o futuro do país. “As partes envolvidas no diálogo devem retomá-lo num formato mais construtivo, engajado e mais objectivo e é importante que se fale abertamente dos problemas,” disse Simango quando convidado a reagir em torno dos tomada da base de Renamo, em Sathunjira, Sofala.
Manifestando repúdio em relação aos ataques violentos entre as forças governamentais e da Renamo, Simango afiançou ser necessário identificar os factores que permitam a manutenção da paz e falar-se abertamente sobre a liberdade e os direitos políticos. Aliás, sobre esse último aspecto, defende que a boa governação, a liberdade e a democracia “só existem onde há uma justiça séria”.
“A tranquilidade de um Estado só existe onde há forças de defesa e segurança apartidárias, que estão para defender os interesses do Estado, das instituições e dos cidadãos,” disse acrescentando que “os moçambicanos não merecem toda esta violência, por isso repudiamos todo e qualquer tipo violência” Simango esclareceu, por outro lado, ser importante que os moçambicanos não percam de vista uma das razões da tensão política, que é a legislação eleitoral. Embora considere que a actual norma que rege as eleições no país seja a melhor nos últimos anos, entende que ainda há espaço para que se melhore.
Este chama a atenção ainda para o papel que a sociedade tem na prevenção de um possível conflito armado através do seu poder de voto. Da sua explicação se depreende que os cidadãos eleitores devem eleger os seus governantes tendo em conta a importância do equilíbrio no Parlamento. “Os moçambicanos, da mesma forma que constituíram a actual Assembleia da República através do voto, também têm o poder de alterar este quadro, porque a mãe deste problema é o pacote eleitoral,” clarificou ajuntando que a “única maneira de virar este jogo é ter um maior número de assentos na Assembleia de República.”