Mergulhadores começaram a resgatar dezenas de corpos de imigrantes, domingo (6), de um barco que naufragou na semana passada na costa da Sicília, numa das piores tragédias envolvendo pessoas que fogem da violência, da pobreza e da opressão na África.
Cerca de 500 imigrantes estavam espremidos no barco, que pegou fogo e afundou, quinta-feira, de acordo com os sobreviventes. Mais de 200 pessoas ainda estão desaparecidas, 111 corpos foram recuperados e, segundo as autoridades, muitos nunca serão encontrados. Dez corpos foram levados para a superfície na primeira meia hora da operação de resgate, apesar das rajadas de vento, informou o policial Leonardo Ricci à Reuters.
A polícia espera encontrar cerca de 100 corpos na região. Quarenta mergulhadores da equipe de resgate trabalham em pequenos grupos, uma vez que, a uma profundidade de 47 metros, cada equipe é capaz de se manter apenas cerca de 10 minutos nos destroços do navio. O mar agitado e os ventos fortes impediram o trabalho dos mergulhadores na sexta-feira.
No sábado, alguns dos 155 sobreviventes somalis e eritreus prestaram homenagem aos homens, mulheres e crianças cujos corpos estão num hangar no aeroporto da ilha. O desastre voltou a chamar a atenção para os problemas de décadas em torno da imigração ilegal do norte da África.
O destino dos sobreviventes destaca as deficiências dos centros que abrigam imigrantes e das leis que visam afastá-los do país. Mais de 1.000 pessoas abrigadas no centro de migrantes de Lampedusa estão em alojamentos superlotados e sem higiene.
Centenas, incluindo muitas famílias com crianças pequenas, dormem ao relento em colchões de espuma, pois há apenas espaço para 250 pessoas. Muitos abrigaram-se em autocarros durante uma chuva forte no domingo.
O desastre da quinta-feira renovou a pressão da Itália para obter mais ajuda por parte da União Europeia, e muitos legisladores locais estão pedindo mudanças imediatas nas leis de imigração do país.