As assembleias de voto abriram cedo esta manhã na África do Sul onde 23 milhões de eleitores estão inscritos para votar nas quartas eleições livres desde o fim do apartheid em 1994. O Congresso Nacional Africano (ANC), partido histórico da luta anti-apartheid tem a vitória garantida mas sem certeza de manter a maioria de dois terços.
As sondagens apontam para um resultado de mais de 60 por cento dos votos para o partido no poder, enquanto a principal formação da oposição, a Aliança Democrática, espera obter entre 10 a 15 por cento, bem como o Congresso do Povo, (COPE), que resultou da primeira cisão do ANC nos últimos 15 anos. Estas eleições, para o Parlamento nacional – que depois elegerá o Presidente – e para as assembleias legislativas provinciais, representa o primeiro grande teste desde 1994 ao ANC, que pela primeira vez disputa o voto com um partido formado por antigos dirigentes seus. Também a AD estará reforçada, dizem analistas.
No momento de votar, o actual presidente interino Kgalema Motlanthe encorajou outros a ir às urnas, escreve a BBC que descreve as longas filas de eleitores num dia de frio na África do Sul. “Todos os que participarem nesta eleição reforçarão a nossa democracia”, disse. Uma participação elevada beneficiaria o ANC de Jacob Zuma, estimam os analistas que, por outro lado, vêem como provável que o partido obtenha menos do que os 70 por cento conquistados nas últimas eleições de 2004.
Alguns eleitores manifestam frustração relativamente ao partido que governou nos últimos 15 anos. “Tenho votado desde 1994 e ainda não tenho casa ou emprego”, disse à Reuters Themba Zwane, motorista de táxi que vive no Soweto, o bairro negro que ficou como símbolo da luta anti-apartheid.
A corrupção, a criminalidade e a pobreza são algumas das razões do desalento de uma grande parte da população num país afectado pela crise mundial e onde o desemprego aumentou muito com as vagas de despedimentos resultantes do encerramento de fábricas e empresas.
O ministro das Finanças, Trevor Manuel, que é quarto na lista do ANC e poderá continuar no cargo, garantiu numa entrevista a um jornal de Itália, onde se encontra, que a economia sul-africana “não se tornaria ideológica, e continuaria racional”. Manuel, que é um garante de estabilidade para os mercados e os investidores, disse também estar convicto de que Jacob Zuma, o próximo Presidente, não levaria ao fracasso da África do Sul, numa referência ao cepticismo que inspira Zuma e à má reputação que tem entre a elite. “Sei que ele [Zuma] é um homem de grande capacidade e que adora ser bem sucedido e não se colocará a ele próprio nem ao país numa situação de falhanço”, disse Trevor Manuel.