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Xiconhoquices na semana:Lavar o rosto para receber Guebuza; Detenção de uma activista; Os preços exorbitantes

Xiconhoquices da semana: Falta de acção disciplinar cvontra funcionários públicos corruptos; CNE...

Os nossos leitores elegeram as seguintes Xiconhoquices na semana finda:

Lavar o rosto para receber Guebuza

A Presidência Aberta e Inclusiva é um simulacro. E nem poderia ser outra coisa porque ela não se presta ao valor. Quando se fala da Presidência Aberta e Inclusiva cada um pensa que se trata de algum evento onde os locais visitados mostram as suas frustrações, desafios e anseios. E, como estamos numa época de teatralização e ampliação de coisas minúsculas, a Presidência Aberta e Inclusiva transmite sempre a ideia de que no país está tudo lindo e maravilhoso. Isso não é verdade.

Comecemos então pelo básico. Os distritos, vilas e municípios lavam o rosto para receber o Presidente da República. É como se os residentes desses locais acordassem no paraíso por um golpe de mágica. Limpa-se tudo e mais alguma coisa. Isso tudo para transmitir ao Presidente da República que ali há trabalho. E muito trabalho. Aqui, os responsáveis alteram a face do espaço geográfico a seu bel-prazer, que nada lhes acontece, isto é, o cidadão não tem instrumento de espécie alguma para desmascarar a sacanice. Os líderes locais são a exacta escória da sociedade. O mais que fazem é vender uma falsa imagem de um Moçambique próspero. Portanto, nas Presidências Abertas e Inclusivas, o fenómeno que se vive é de uma encenação clara e desenfreada, em que o verniz da mentira ocorre à luz do dia. Assim vai o mundo das Xiconhoquices…

Detenção de uma activista

Definitivamente deixámos, faz tempo, de ser um Estado de direito democrático. A Polícia da República de Moçambique, mais uma vez, mostrou que ela pode e manda neste país. Alda Salomão, directora geral do Centro Terra Viva (CTV) foi conduzida e interrogada na esquadra da Polícia da vila-sede do distrito de Palma. O mais curioso, no que concerne à Xiconhoquice da coisa, é que as actividades que levaram Salomão a um interrogatório resultam de um memorando de entendimento entre as comunidades daquela circunscrição geográfica com o CTV. Sem, contudo, contar que as mesmas eram do conhecimento do administrador distrital.

As actividades restringiam-se à divulgação da legislação ambiental e de terras junto daquela Comunidade, abrangida pelo projecto de exploração de gás natural da ANADARKO e ENI, tendo como objectivo dar a conhecer os direitos e deveres da população em relação à terra e outros recursos naturais. O entendimento que resulta da acção da Polícia não deixa margem para dúvidas. É evidente que os agentes da Polícia, a mando do secretário permanente do distrito de Palma, tinham o objectivo claro e inequívoco de deixar as populações na mais profunda ignorância em relação aos seus direitos. O que, de alguma forma, foi conseguido. Infelizmente.

Os preços exorbitantes

Ninguém é obrigado a gastar o seu dinheiro num evento cultural, mas há preços que nos deviam fazer reflectir profundamente. Num país onde a maior parte da população vive com menos de um dólar por dia não se pode brincar com dinheiro dessa forma. Um espectáculo não pode, de forma alguma, custar quatro mil meticais aos bolsos do cidadão. Alguém tem de proteger o consumidor desta roubalheira. O pior mesmo é que o consumidor não tem como defender os seus direitos. Paradoxalmente, é que tanto os fiscais como as autoridades da área são pagas pelo consumidor. Não queremos, no entanto, questionar o valor dos músicos ou da arte. Há, de facto, valor, mas o preço poderia ser mais consentâneo com a realidade do país. Aliás, num recinto aberto podiam baixar o preço e, ainda assim, ganharem mais dinheiro. O grave, no meio desta Xiconhoquice, é que as despesas de um evento desta natureza não são pagas pelo preço de entrada, mas pelos patrocinadores. E talvez por isso não seja justo impedir o povo de adorar os seus ídolos.

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