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Cerca de 50 milhões de crianças estão fora da escola em países afectados por conflitos

Aproximadamente de 50 milhões crianças que vivem em países afectados por conflitos no mundo estão sendo negadas a oportunidade de ir à escola e o número de ataques relatados na educação está a aumentar, segundo a Save the Children Moçambique.

O número de incidentes sobre as crianças que estão a deixar de ter acesso à educação, algumas atacadas fisicamente ou recrutadas por grupos armados aumentou drasticamente no ano passado, apesar de se ter intensificado esforços de monitorização perante a deterioração da situação na Síria e preocupações sobre o acesso das meninas à educação em partes do Sul da Ásia e da África Subsahariana.

Enquanto isso, o 12 de Julho foi declarado pela ONU como dia Malala com o intuito de promover a educação básica, particularmente da rapariga. A data empresta o nome de uma adolescente identificada por Malala Yousafzai, baleada na cabeça, a 09 de Outubro de 2012, pelas forças Talibãs no Paquistão, durante um ataque contra um autocarro no qual se fazia transportar. O grupo armado pretendia matar a menina por liderar a luta de as meninas irem à escola e promover a educação das mulheres.

No novo relatório publicado esta sexta-feira (12), a Save the Children documenta o impacto do conflito sobre a educação e inclui a nova pesquisa feita pela mesma instituição e pelo Programa de Educação Para Todos da UNESCO através do Global Monitoring Report, e adianta que 48,5 milhões de crianças que vivem em áreas de conflitos estão actualmente fora da escola, mais de metade destas em idade primária.

Segundo a Save the Children, num comunicado de Imprensa enviado ao @Verdade, o conflito na Síria tem contribuído para o aumento acentuado do número de incidentes. Mais de 3.600 incidentes registrados em 2012, acima de 70% foram na Síria. Dentre outros problemas, o relatório concluiu que cerca de 50 milhões de crianças com idade entre seis e 15 anos está fora da escola em países afectados por conflitos, em 2011, 28,5 milhões eram crianças de escola primária, mais da metade destas, eram meninas.

Em 2012, registaram-se mais de 3.600 ataques documentados sobre educação, incluindo a violência, a tortura e a intimidação contra as crianças e professores, resultando em morte ou lesões graves, e bombardeamento de escolas e o recrutamento de crianças em idade escolar por grupos armados. Desde o início do conflito na Síria, 3.900 escolas ou foram destruídas, danificadas ou estão sendo ocupadas para fins alheios à educação.

Muitas das crianças nunca irão continuar a sua educação

Pauline Rose, directora do Global Monitoring Report, disse: “conflito está a atrasar o progresso, impedindo que milhões de crianças tenham acesso a escola todos os anos. Nossa nova análise mostra que crianças fora da escola em países afectados pelo conflito estão sendo esquecidas. Muitas das crianças afectadas nunca irão continuar a sua educação e vão ser marcadas fisicamente e psicologicamente para a vida.”

Reafirmar o comprometimento com os direitos fundamentais das crianças

Samuel Maibasse, director adjunto para Assistência Humanitária na Save the Children Moçambique, “o dia Malala deve ser uma oportunidade para reafirmarmos o nosso comprometimento com os mais profundos valores da vida e direitos fundamentais das pessoas particularmente das crianças, onde devemos por todos os meios assegurar a sua protecção, assistência e bem – estar, e garantir o respeito e participação delas nas decisões de tudo que lhes diz respeito para evitar que elas sejam prejudicadas. A escola e a educação em geral têm um papel decisivo, mesmo nas condições mais adversas tais como desastres naturais ou conflitos armados”.

Malala constitui um grande estímulo

Nacima Figia, gestora sénior do Programa de Educação na Save the Children Moçambique enfatiza que temos “a consciência que as barreiras que dificultam o acesso das crianças à educação estão cada vez mais a ganhar contornos assustadores. Assim, dia Malala para nós constitui um grande estímulo para nos encorajar a unir e fortalecer os nossos esforços para combater todas as forças quer naturais quer de ordem humana como o caso dos conflitos, que prejudicam ou destroem os sonhos das crianças por uma educação livre e de qualidade”.

Apesar dos elevados níveis de crianças fora da escola e o forte aumento dos ataques, os níveis de financiamento para a educação em situações de emergência humanitárias permanecem surpreendentemente baixos. Financiamento da educação tem continuado a cair ao nível de dois porcento, em 2011, para apenas um vírgula quatro porcento, em 2012, um valor abaixo dos quatro porcento que a comunidade global tem vindo a pedir desde 2010.

Nesse contexto, a Save the Children chama os líderes mundiais para enfrentarem esta crise, comprometendo-se em: proteger a educação, criminalizando os ataques pelos grupos armados que proíbem o uso de escolas para a instrução e trabalhar com as comunidades na adopção de medidas locais para preservar os estabelecimentos de ensino como centros de aprendizagem, especialmente em tempo de conflito.

Os líderes mundiais devem, também, cobrir a lacuna de financiamento, aumentando os actuais níveis de financiamento humanitário à educação e trabalhar progressivamente para atingir um mínimo de quatro porcento de Financiamento Global Humanitário.

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