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Malfeitores exumam campas em Muambé

Está a acontecer um problema que, para além de ser considerado desabitual, constitui um desrespeito relativamente aos defuntos. É que no povoado de Muambé, no posto administrativo de Milhana, a 107 quilómetros da vila sede do distrito de Mecubúri, na província de Nampula, há um grupo de indivíduos que, à noite, desenterra cadáveres com o intuito de obter ossadas e outros órgãos do corpo para enriquecimento ilícito com recurso à magia negra.

Segundo apurámos, no princípio pensava-se que os túmulos, principalmente os que se encontram nos cemitérios das zonas recônditas, eram vandalizados por animais selvagens que abundam em Mecubúri. Desassossegadas, as autoridades locais constituíram equipas de vigilância e prenderam pelo menos duas pessoas (Fernando Alfredo e Eurico Alberto, ambos de 32 anos de idade) supostamente responsáveis por essa prática. Neste momento, estão a contas com a Polícia, pois na residência de um deles foram descobertos restos de corpos como tíbia, úmero e rádio.

Cardoso António, ou seja, Régulo Muambé, explicou-nos que já acompanhou várias histórias, inclusive boatos segundo os quais os ossos humanos serviam para fazer alguns utensílios domésticos, não especificando quais. No lugarejo do nosso entrevistado ninguém ainda sabe ao certo que fim é dado às ossadas, mas especula-se que são procuradas a mando de médicos tradicionais.

O líder de Muambé disse que, para além de ossos, os malfeitores retiram igualmente das campas areia e cabelo de cadáveres. Um dos cidadãos cujo ente querido foi tirado de debaixo da terra disse, sob anonimato, que acredita na “corrente” que defende a existência de um circuito de compra de órgãos humanos.

Não é algo novo

Jaime Alili Sanja, chefe do posto administrativo de Milhana, reconheceu que há indivíduos desconhecidos que exumam sepulcros. Trata-se de um problema antigo e que por muito tempo foi associado à presença de animais selvagens no distrito de Mecubúri. Todavia, a detenção de Fernando Alfredo e Eurico Alberto faz a população pensar que há cidadãos de má-fé que desrespeitam os defuntos.

O chefe de Relações Públicas do Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique em Nampula, Miguel Bartolomeu, contou que as pessoas enclausuradas confessaram o seu envolvimento na exumação de cadáveres alegadamente porque pretendiam ser tratadas pelos médicos tradicionais para enriquecer.

Fernando Alfredo assegurou-nos que já destruiu várias campas com um amigo mas não sabia para que finalidade. Por sua vez, Eurico Alberto disse que os sepulcros preferidos são de defuntos enterrados há cinco ou sete anos.

Apurámos, também, que os acusados de vandalizar campas deviam ter sido julgados mas não há viatura para serem transportados da cidade de Nampula para o Tribunal Judicial Distrital de Mecubúri.

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