A Rússia encerrou nesta quinta-feira quase uma década de operações antiterroristas na Chechênia, virando a página de um conflito que durante muito tempo manchou sua imagem no exterior, mas ainda há guerrilhas ativas no Cáucaso russo.
O Comitê antiterrorista indicou, em um comunicado, ter “anulado em 16 de abril a ordem que declarou que o território da república da Chechência era uma zona de operações antiterroristas”. Este anúncio marca o fim de uma operação lançada em 1999. A luta contra o terrorismo continuará nesta república assim como em outras regiões da Rússia, indicou o Comitê.
A decisão ocorreu por ordem do presidente russo Dmitri Medvedev, que havia se manifestado a favor desta medida em 27 de março. O comunicado não deu nenhum detalhe sobre o número de tropas convidadas a se retirar da Chechênia.
A agência Interfax, citando uma fonte dentro das forças armadas, indicou que cerca de 20.000 militares serão chamados a deixar a república do Cáucaso. As autoridades chechenas pró-russas comemoraram a decisão do Comitê antiterrorista. “Recebemos com grande prazer a notícia da anulação da operação antiterrorista”, declarou o presidente checheno, Ramzan Kadyrov, que militava por esta medida. “A Chechência é um setor pacífico em desenvolvimento e a suspensão da operação antiterrorista só vai favorecer o crescimento econômico”, acrescentou.
Ramzan Kadyrov, 32 anos, um antigo rebelde que se juntou ao lado russo em 1999, se impôs como homem forte da Chechência, após a morte de seu pai em um atentado em 2004 enquanto presidia a república. Desde sua chegada ao comando da república, a capital Grozny, destruída por dois conflitos separatistas, foi reconstruída.
A Chechência foi destruída por uma primeira guerra de 1994 a 1996, que terminou com a derrota dos russos, deixando a esta região uma independência de fato. Mas após uma onda de atentados na Rússia atribuída ao movimento separatista, e um ataque conra a república do Cáucaso russo do Daguestão, Moscou lançou em 1999 uma operação militar antiterrorista que contribuiu para a popularidade do primeiro-ministro de então, Vladimir Putin.
Como durante o primeiro conflito, as ONGs e a comunidade internacional se levantaram contra esta guerra, suscitando a ira de Moscou que considerava estar exercendo seu direito de lutar contra um movimento separatista terrorista.
No total, cerca de 100.000 pessoas, ou seja 10% da população, morreram nessas duas guerras.