Um número significativo de raparigas, na província de Nampula, é forçado a casar-se precocemente. Este acto é protagonizado pelos próprios pais e familiares, o que dificulta a sua progressão no ensino e coloca em risco a saúde das mesmas crianças, uma vez que se tornam-se vulneráveis a doenças de transmissão sexual, trabalho infantil, fístula obstétrica, dentre outros problemas.
O coordenador da Solidariedade Zambézia, Manuel Conta, disse que em Nampula estima-se que 45% das raparigas casam antes de atingir os 18 anos de idade, o que figura uma das piores formas de violação dos Direitos Humanos e das Crianças.
O nosso interlocutor falava numa conferência provincial cujo objectivo era desenhar estratégias com vista a promover acções de sensibilização das comunidades no sentido de mudar de comportamento em relação aos casamentos precoces. Segundo Conta, essa prática deve-se a factores culturais, tais como os ritos de iniciação.
No distrito de Lalaua, por exemplo, existem líderes comunitários que se casam com menores de idade, de 13 a 15 anos. Não há justificações para estas atitudes repudiáveis, disse o orador, para quem as mães afirmam que preferem submeter as suas filhas a casamentos prematuros na esperança de ter dinheiro, cabeças de gado, dentre outros bens.
Assim, as crianças são tratadas como fonte de rendimento. Por conseguinte, Lalaua lidera a lista dos pontos com baixo nível de escolaridade nas crianças em Nampula.