A companhia mineira Vale Moçambique anunciou, Terça-feira, o reatamento do escoamento de carvão da sua mina em Moatize, província central de Tete, através da linha férrea de Sena que liga aquela região ao Porto da Beira.
A Linha de Sena havia sido bloqueada, Domingo, por um grupo de oleiros, que exigia indemnizações pela sua transferência para outras regiões, para dar lugar a exploração de carvão mineral.
Um comunicado de imprensa da Vale Moçambique, segundo a AIM, refere que a situação regressou a normalidade cerca das 6.30 horas locais, quando os “acessos à mina de carvão da Vale em Moatize foram desbloqueadas”.
O impasse registado entre a Vale Moçambique, a maior companhia mineira na região, e os oleiros deve-se a divergências sobre o valor das indemnizações.
Em meados de Abril último, um grupo de cerca de 500 pessoas, constituído maioritariamente por jovens antigos oleiros, manifestaram-se contra aquilo que consideravam de injustiça da Vale, que só havia os pago 60 mil meticais (cerca de dois mil dólares americanos), dos entre 90 a 120 mil meticais prometidos aquando do início do pagamento das compensações em 2009.
Inicialmente, a Vale acreditava que este era um assunto encerrado, pelo facto de ter indemnizado 785 olarias, até finais de 2012.
Contudo, mais tarde, a Vale voltou a mesa de negociações com o referido grupo, mas as partes não chegaram a nenhum consenso, porque enquanto a empresa propõe-se a trabalhar para modernizar uma indústria de tijolos competitiva, os oleiros exigem valores que variam de 30 mil a 300 mil dólares, por pessoa, num cálculo baseado na produção anual de tijolos multiplicado por 50 anos de exploração.
Na falta de consenso, os tijoleiros decidiram abandonar a mesa de negociações, Sexta-feira última. Segundo o jornal “Notícias” da Terça-feira, até esta Segunda-feira, o braço-de-ferro continuava em Moatize, as principais vias de acesso à empresa ainda bloqueadas, impedindo o normal desenvolvimento das actividades.
A Vale reitera a sua disposição de trabalhar com a comunidade de oleiros e os Governos do Distrito e da Província, para a estruturação e formalização de uma indústria de tijolos dinâmica e competitiva, através da formação da mão-de-obra e dos empreendedores locais na gestão administrativa, técnica e financeiras dos seus negócios.
O comunicado cita o director de Operações da Vale, Altiberto Brandão, afirmando que “a nossa proposta é mais trabalhosa, mas visa consolidar uma indústria com mão-de-obra qualificada, com actividade legalizada, com produtos padronizados e com parâmetros de qualidade, que permita a comercialização do produto em nível nacional, trazendo receitas ao Estado e garantindo sustentabilidade ao negócio e qualidade de vida aos tijoleiros”.