A Resistência Nacional de Moçambique (Renamo) vai solicitar às Nações Unidas a devolução das suas armas, entregues ao governo moçambicano após o fim do conflito armado em 1992, disse nesta Sexta-feira (3) o porta-voz da força política.
Segundo a agencia de noticias portuguesa, Lusa, Fernando Mazanga disse que “estão a correr os trâmites legais para entregar a carta à ONU”, uma forma de pressão para busca de uma solução ao conflito político-militar que se vive em Moçambique.
A Renamo acusa o governo de Maputo de estar a usar as armas devolvidas contra militantes do principal partido da oposição moçambicana. “As armas da Renamo foram entregues às Nações Unidas. As Nações Unidas entregaram estas armas à Frelimo e são estas que nos estão a combater. Já que as coisas estão neste pé de sermos combatidos por aquelas armas que foram nossas, exigimos às Nações Unidas que nos devolvam as nossas armas também para nos defendermos”, disse Fernando Mazanga.
Na quinta-feira, a polícia moçambicana desarmou, em Manica, centro de Moçambique, 15 ex-guerrilheiros afetos à “guarda presidencial” do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, que exerciam funções de proteção do secretário-geral do partido, Manuel Bissopo. A Renamo considerou a ação da polícia uma “provocação grosseira à estabilidade do país”, lembrando que o Acordo Geral de Paz, assinado na capital italiana, Roma, concedeu estatuto de polícia àqueles homens.
O comandante provincial da polícia em Manica, Francisco Almeida, disse que o Acordo Geral de Paz determina que os guardas são para “exclusiva proteção” do líder da oposição da Resistência Nacional de Moçambique”, pelo que estavam a ser “usados” fora do previsto ao acompanharem Manuel Bissopo.
Entretanto Manuel Bissopo considerou que “a Renamo está em desvantagem desde o Acordo de Roma”, pois, entregou todas as armas que usava durante o conflito armado de 16 anos, ficando “apenas com 150 armas”. “Mas as mesmas armas estão a ser usadas pela polícia para hostilizar a Renamo, então estamos em conversações com a ONU para que nos devolva as armas”, precisou Manuel Bissopo.
Na quinta-feira, o Governo de Moçambique e a Renamo retomaram a ronda negocial sobre a situação político-militar no país, com o maior partido da oposição moçambicana a exigir a presença de facilitadores internacionais, nomeadamente os da União Europeia, para mediarem o conflito.
O próximo encontro ainda não foi agendado.