Pelo menos uma pessoa morreu e seis outras ficaram feridas nesta segunda-feira quando forças de segurança da Guiné Conacri abriram fogo contra manifestantes na capital, segundo uma entidade de direitos humanos que alertou para o agravamento de conflitos étnicos em decorrência das eleições legislativas marcadas para maio.
O confronto aconteceu pouco depois de líderes da oposição boicotarem uma reunião convocada pelo presidente Alpha Condé com a intenção de resolver os distúrbios dos últimos dias, que se alastram para além da capital, Conacri, e já resultaram em seis mortes.
Centenas de pessoas ficaram feridas desde o início dos distúrbios, na quarta-feira. As forças de segurança guineenses, notoriamente indisciplinadas, têm um histórico de repressão brutal a protestos. Thierno Maadjou Sow, diretor da OGDH, principal ONG local de direitos humanos, disse à Reuters que sete pessoas foram baleadas na segunda-feira, sendo que uma morreu.
“Tornou-se uma batalha étnica entre os malinkes e os peuls. Sempre que um grupo está em minoria, é atacado pelo outro.”
O porta-voz governamental Damantang Albert Camara disse que a situação é “preocupante” e não quis citar cifras do confronto desta segunda-feira.
Por trás das disputas políticas na Guiné está a rivalidade entre as etnias malinke e peul, as duas principais do país.
Em linhas gerais, os malinkes apoiam o governo, e os peuls militam na oposição. Condé quer discutir os preparativos para uma eleição que deveria marcar a conclusão para um regime civil depois do golpe militar de 2008 no país. Ele descumpriu o prazo oficial pelo qual deveria baixar até domingo um decreto marcando oficialmente o pleito para 12 de maio.