O Centro Cultural Português – Instituto Camões, em Maputo, acolhe desde quarta-feira, 27 de Fevereiro, uma exposição colectiva de artes plásticas. A mostra que encerra no dia 30 de Março chama-se “Roots”.
Na exposição participam sete artistas de origem africana, americana e europeia, que exibem – através da sua imaginação criativa – uma visão contemporânea sobre o fenómeno da escravatura.
O objectivo é criar novas rotas e fluxos transculturais, através da reflexão da diversidade cultural dos países outrora colonizadores e colonizados, analisando as suas influências na criação de uma miscigenação global e plural, ao mesmo tempo que questionam e identificam as raízes da existência humana no mesmo processo.
Refira-se que esta é a segunda edição do “Roots”, um projecto anual de residência artística que, desta vez, se realiza em Moçambique. A primeira edição teve lugar em Lagos, Portugal.
“Roots remete-nos duplamente para o significado original da palavra quer no sentido de ter sido o escravo arrancado das suas raízes que, com o passar do tempo e de sucessivas gerações, foram criadas nos países de destino moldando a sua identidade cultural contemporânea como, por exemplo, se torna evidente nos casos do Brasil e Cabo verde,” lê-se no catálogo da exposição.
Félix Mula, artista moçambicano que participa na mostra, entende que “falar da escravatura é abordar um problema contemporâneo. É um tema polémico do qual alguns cidadão pretendem esquecer-se do mesmo, enquanto outros querem resgatá-lo para perceber o rumo da vida dos seus povos”.
Jorge Pereira, outro artista moçambicano que participa na mostra, transporta para as telas a sua reflexão sobre a escravatura focando-se no trabalho infantil.
O artista cubano, Alejandro Rodriguez escolheu a cerâmica para retratar este tema e afirma que “a cerâmica é um meio propício para transmitir múltiplas ideias e sensações. Uma delas é a fragilidade. Este trabalho tem o propósito de recordar metaforicamente a fragilidade da vida do escravo na sua viagem sem regresso”.
A exposição Roots resulta de uma iniciativa do Laboratório de Artes Criativas (LAC), de Lagos em Portugal, e do Movimento de Arte Contemporânea de Moçambique (Muvart).
Participaram nele sete artistas, nomeadamente, Pedro Correia e Jorge Pereira de Portugal, Aladino Jasse de Angola, Alejandro Cordovés Rodriguez de Cuba, David Mbonzo, Félix Mula e Lizette Chirrime, os três de Moçambique.