Os líderes da Otan celebram na passada sexta-feira e no sábado os 60 anos da Aliança Atlântica com uma reunião de cúpula na fronteira França-Alemanha, na presencia do novo presidente americano, Barack Obama, e as atenções voltadas para o desafio sem solução dos talibãs no Afeganistão.
A reunião acontecerá em três cidades, Estrasburgo na França e Kehl e Baden Baden na Alemanha, símbolo de reconciliação entre os países que travaram três guerras entre 1870 e 1945. Além disso, para os franceses significará o retorno à estrutura militar integrada da OTAN, 43 anos depois de ter abandonado a mesma.
Durante o encontro, a Organização do Tratado do Atlântico Norte vai fazer sua terceira ampliação para o leste da Europa desde o início dos anos 90 – data da queda da antiga União Soviética -, desta vez com a adesão de Albânia e Croácia, o que aumentará a 28 o número de países membros.
Apesar do secretário-geral da Otan, Jaap de Hoop Scheffer, considerar a ampliação e o retorno da França ao comando militar acontecimentos importantes, a agenda será dominada pela delicada questão do conflito no Afeganistão.
Neste país, a Otan executa desde 2003 a operação mais importante de sua história, mas até agora sem muito sucesso pela feroz resistência dos talibãs, que utilizam o Paquistão com retaguarda. O objetivo da nova estratégia que Obama apresentou na semana passada é que a força internacional comandada pela Otan, a Isaf, atualmente integrada por 60.000 soldados de 42 países, possa deixar o Afeganistão depois de destruir a rede terrorista Al-Qaeda, aliada dos talibãs.
Neste sentido, os Estados Unidos, na primeira viagem europeia de Obama como presidente, pedirão aos aliados do Velho Continente um esforço maior para apoiar o governo afegão. No entanto, ninguém espera que os europeus aumentem seus contingentes em proporções comparáveis ao dos Estados Unidos, que já anunciaram o envio de mais 21.000 homens ao Afeganistão.
O que Washington deseja é que os aliados do outro lado do Atlântico contribuam mais no aspecto civil da missão internacional, dando prioridade à formação da polícia afegã, tarefa na qual França, Itália e Espanha estariam dispostos a participar.
A reunião da Otan acontece três dias depois da conferência internacional sobre o Afeganistão realizada em Haia, que teve as participações de China, Rússia e Irã. Justamente outro grande tema da celebração será a relação complexa entre a Otan e Moscou, afetadas desde o conflito Rússia-Geórgia de agosto de 2008 e do anúncio do projeto de escudos anti-mísseis americano na Europa Central.
Durante o jantar inaugural desta sexta-feira, os 26 aliados debaterão uma terceira questão relevante: a renovação do conceito estratégico de ação da Aliança, que data de 1999. A ideia é adaptar este texto às novas ameaças: ataques cibernéticos, terrorismo, pirataria, segurança energética.