O líder oposicionista sírio Moaz Alkhatib aconselhou, esta Segunda-feira (5), o presidente Bashar al-Assad a iniciar uma negociação que leve à sua renúncia, poupando assim o país de uma maior ruína após quase dois anos de derramamento de sangue.
Alguns colegas de Alkhatib na oposição ficaram perplexos com a sua oferta ao governo, mas o dirigente disse que estaria disposto a reunir-se com o vice de Assad para negociar.
“Peço ao regime que envie Farouq al-Shara, se ele aceitar a ideia, e podemos sentar com ele”, afirmou Alkhatib. Al-Shara, vice de Assad, distanciou-se implicitamente da violência com a qual o regime reage à rebelião dos últimos 22 meses no país.
Falando após reunir-se separadamente com as autoridades da Rússia, dos Estados Unidos e do Irão durante um evento na Alemanha, Alkhatib disse que nenhum dos seus interlocutores tinha uma resposta para a crise e que cabe aos sírios resolvê-la.
“A questão está agora na quadra do Estado … quanto a aceitar negociações para a partida (de Assad), com menos baixas”, afirmou o chefe da Coligação Nacional Síria à TV Al Arabiya.
O pregador islâmico moderado disse, semana passada, que estava disposto a dialogar com representantes de Assad.
Embora tenha imposto várias condições, o anúncio violou o tabu da oposição contra contactos com o regime e irritou muitos que consideram a renúncia de Assad como uma pré-condição para qualquer diálogo.
Alkhatib disse que não seria “traição” buscar um diálogo que leve ao fim de um conflito que já deixou mais de 60 mil mortos, 700 mil refugiados e milhões de desabrigados e famintos.
“O regime deve assumir uma posição clara (acerca do diálogo) e dizemos que vamos estender a nossa mão pelo interesse do povo e para ajudar o regime a sair pacificamente”, disse ele noutras declarações à TV Al Jazeera.
Assad disse, mês passado, que tinha planos para um processo de reconciliação, mas, em discurso considerado limitado pelo mediador internacional Lakhdar Brahimi, o presidente sírio disse que não aceitaria dialogar com pessoas que ele qualificou como traidores e “fantoches fabricados pelo Ocidente”.
A rebelião na Síria começou em 2011, inicialmente com protestos associados à Primavera Árabe, mas depois converteu-se numa guerra civil opondo principalmente muçulmanos sunitas contra Assad, que é da minoria alauíta da Síria, uma ramificação do xiismo.
Esta Segunda-feira, os activistas relataram confrontos entre o Exército e combatentes rebeldes a leste de Damasco e fortes bombardeios nas áreas rebeldes na cidade de Homs.
O Observatório Sírio para Direitos Humanos disse que, até à noite desta Segunda-feira, pelo menos 90 pessoas haviam sido mortas.