O Presidente moçambicano, Armando Guebuza, disse, hoje, que a Cimeira Extraordinária dos Chefes de Estado e de Governo da Comunidade para o Desenvolvimento da Africa Austral (SADC) alcançou resultados “claramente positivos”, tendo em conta o ambiente em que decorreu e os entendimentos alcançados.
É bonito ver que sobre o Zimbabwe, por exemplo, só temos boas notícias”, sublinhou Guebuza. Ele falava a jornalistas, em Mbabane, capital do Reino da Swazilândia, momentos antes de regressar a Maputo, capital moçambicana, depois de ter participado nesta cimeira, de um dia, convocada para discutir o plano de emergência para a recuperação económica do Zimbabwe, bem como a situação política em Madagáscar.
Segundo Guebuza, o Governo inclusivo saído do Acordo Político Global no Zimbabwe está a funcionar, apesar da grave situação financeira em que o país enfrenta. É neste âmbito que, segundo o Presidente Guebuza, a SADC se juntou para pedir aos países desenvolvidos, o levantamento de todas formas de sanções contra o Zimbabwe, pois a sua prevalência vai inviabilizar os esforços do novo governo inclusivo e da região para a normalização da vida neste país vizinho de Moçambique.
Aos doadores e instituições financeiras internacionais, bem como a toda a comunidade internacional, a SADC lançou um apelo vigoroso no sentido de providenciarem todo o apoio financeiro necessário para permitir a rápida recuperação do Zimbabwe. Para coordenar o processo de recuperação económica do Zimbabwe, a cimeira criou um comité que, entre outras acções, visitará as principais capitais europeias, asiáticas e americanas, bem como as sedes das principais instituições financeiras internacionais para a mobilização de apoios.
Ademais, as missões diplomáticas dos países membros da SADC foram mandatadas para lançarem uma campanha diplomática para o levantamento das sanções, e para mobilizar recursos para o Zimbabwe. Ao todo, este país precisa de cerca de dez biliões de dólares norteamericanos. Durante a cimeira, cada país comprometeu-se a apoiar o plano económico de emergência para a revitalização económica do Zimbabwe, não obstante as dificuldades que alguns países enfrentam, tais como Moçambique, na implementação das suas próprias estratégias de combate a pobreza.
A Cimeira exortou os Estados membros da SADC para que dentro de duas semanas informem ao Secretariado Executivo sobre o apoio que poderão conceder ao Zimbabwe. Questionado sobre a disponibilidade de Moçambique na recuperação do Zimbabwe, Guebuza disse que é um assunto ainda a ser estudado pelo Governo.
“Vamos estudar isso. O governo vai reflectir como ajudar. Se a ajuda compreender a redução de alguma receita, então também veremos como evitar que isso crie problemas orçamentais ao país”, explicou o estadista moçambicano. Quanto ao Madagáscar, Guebuza disse que se este país não respeitar as decisões da cimeira decidiu, a região vai recorrer a outras acções, mas em estreita colaboração com a União Africana (UA) e as Nações Unidas (ONU). Com efeito, os Chefes de Estado e de Governo da SADC decidiram suspender Madagáscar de todas as instituições e organismos regionais ate a restituição da ordem constitucional.
Os líderes da SADC apelaram ao auto-proclamado presidente malgaxe e antigo edil da capital Antananarivo, Andry Rajoelina, para abandonar urgentemente o poder, para permitir o regresso incondicional do presidente democraticamente eleito, Marc Ravalomanana. Alias, Ravalomanana, presidente deposto, chegou mesmo a participar na cimeira extraordinária da SADC, que teve lugar no Palácio Real de Lozitha, em Mbabane.
Momento depois do término da cimeira, no final da noite de Segunda-feira, a Ministra sul-africana dos Negócios Estrangeiros, Nkosazana Zuma, disse que Ravalomanana manifestou a sua vontade de ser reinstituído ao poder para que o país volte rapidamente a normalidade. “Ele disse que em caso de ser reinstituído vai abrir espaço para o diálogo com outras forças políticas locais para promover uma convivência sã entre ele e os seus opositores”, explicou a diplomata sul-africana.
A Cimeira também decidiu não reconhecer Rajoelina como Presidente do Madagáscar, já que a sua indicação não somente viola a constituição e os princípios democráticos, bem como os princípios e valores do Tratado da SADC, do acto constitutivo da União Africana e da Carta das Nações Unidas.