Um apelo de quase 60 países para que os supostos crimes de guerra ocorridos na Síria sejam investigados pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) está “a complicar a situação e a atrapalhar a busca pelo fim da crise”, segundo o embaixador sírio na ONU.
Em carta ao Conselho de Segurança da ONU, o diplomata Bashar Ja’afari também pediu a suspensão das sanções impostas ao seu país pela União Europeia, os Estados Unidos e outros, sob a alegação de que trata-se de uma punição colectiva ao povo sírio.
“Elas contribuíram decisivamente para a deterioração da situação humanitária no país, ao violar os direitos dos sírios e privá-los de matérias-primas tão básicas como combustível, comida e remédios”, escreveu Ja’afari na carta datada de 18 de Janeiro, mas que só foi divulgada, Sexta-feira (25).
A ONU diz que mais de 60 mil pessoas já morreram em 22 meses de revolta contra o presidente da Síria, Bashar al Assad, num movimento que começou com protestos pacíficos, mas foi duramente reprimido pelas forças do governo e deu origem a uma guerra civil.
Semana passada, quase 60 países pediram ao Conselho de Segurança que remeta a situação da Síria ao TPI, que funciona em Haia e que tem poder para julgar indivíduos por crimes de guerra, genocídios e crimes contra a humanidade.
Mas a Rússia, tradicional aliada de Assad com poder de veto no Conselho, opôs-se à iniciativa, qualificando-a de “inoportuna e contraproducente”.
Ja’afari disse que a Síria partilha da preocupação internacional com a crise humanitária no seu país e com os abusos aos direitos humanos cometidos por “grupos terroristas armados” – expressão que o governo de Assad costuma usar para referir-se aos rebeldes.
“No entanto, o governo sírio acha lamentável que esses Estados tenham persistido na sua abordagem perigosamente distorcida, ao se recusarem a reconhecer o dever do Estado sírio de proteger o seu povo do terrorismo imposto do exterior”, escreveu ele.
O governo de Assad repetidamente acusa Arábia Saudita, Catar, Turquia, EUA e outros governos ocidentais de apoiarem e armarem os rebeldes. Esses governos negam que estejam a dar armas aos insurgentes.