Nasceu formalmente hoje, em Maputo, a Associação Defendendo os Nossos Direitos (ADODs) constituída, na sua maioria, por pessoas portadoras do albinismo bem como encarregados e país que têm na sua guarda indivíduos com esta deficiência.
A Assembleia-Geral e constitutiva desta associação, realizada hoje, constitui o primeiro passo rumo a criação de condições com vista a assegurar o bem-estar físico e psicológico, moral, mental e apoio aos indivíduos com insuficiência de pigmentação.
O albino é, geneticamente, um indivíduo que nasce com um defeito congénito que se manifesta através da sua incapacidade de fabricar a melanina que é o pigmento que dá a cor a pele.
Dentre as várias funções fundamentais que desempenha, esse pigmento defende a pessoa da radiação solar. Quando o indivíduo portador do albinismo não tem a devida protecção sofre alteração das células da pele, situação que leva a formação e ao aparecimento de cancros.
A existência da associação permitirá para uma maior difundir a informação sobre a problemática do albinismo; a criação de condições que garantam a assistência médica e medicamentosa às pessoas com insuficiência de pele; lutar contra a exclusão social e um envolvimento na sensibilização sobre como lidar com a questão.
A mobilização de recursos humanos, materiais e financeiros para a prossecução dos fins da associação são outras metas consagradas na lista dos objectivos da recém-criada agremiação.
O Ministro da Saúde, Ivo Garrido, impulsionador do movimento que culminou com o nascimento desta nova agremiação, disse que a mesma constitui o instrumento de importância proverbial que as pessoas portadoras do albinismo poderão usar na luta pelos seus direitos.
A constituição da associação espelha, segundo Garrido, o desiderato de construir no país uma sociedade civil em que não há discriminação das pessoas em função da cor da pele, crença religiosa, filiação política entre outras preferências, mas sim a tolerância.
“Nós estamos apostados na construção de uma sociedade civil onde o sol ao nascer irradia da mesma maneira para todos”, vincou Garrido, acrescentando que o governo continuará a lutar contra todas as formas de discriminação dos albinos.
O titular da pasta da saúde disse, a título de exemplo, que à semelhança do que aconteceu no período de luta armada de libertação, quando os moçambicanos derrubaram o regime colonial e garantiram que todos os filhos da pátria tivessem direitos iguais, o mesmo está a acontecer agora através desta associação.
“Discriminar um albino é contrariar aquilo que está consagrado na lei moçambicana”, disse o ministro, que, ocasião, prometeu todo tipo de auxílio necessário para que a mesma possa efectivamente desempenhar o seu papel na defesa dos direitos dos albinos.
A presidente da associação, Ana Gabriela, cuja intervenção foi marcada por lágrimas de emoção que contaminou aos demais presentes, disse que a constituição da ADODs é a materialização de um sonho há muito esperado.
“Parecia um sonho quando em conversa informal com o senhor ministro da saúde, eu lhe apresentava as preocupações dos indivíduos com insuficiência de pigmentação que se resumem à discriminação racial e social, problemas de pele, de vista e a falta de autoestima”, disse Gabriela, que é também uma linda albina.
O ministro, segundo Gabriela, disse “minha filha, vocês só poderão lutar pela causa própria se criarem uma associação”. Esse sonho aparente hoje se tornou uma grande realidade.
A assembleia-geral constitutiva foi igualmente marcada pela aprovação dos estatutos, eleição dos órgãos sociais e a aprovação da respectiva acta do encontro.