Coveiros do cemitério da cidade de Azaz, no norte da Síria, não esperam mais bombas caírem para começarem a cavar. Os mortos chegam muito rápido. Um avião de guerra lançou duas bombas que destruíram pelo menos seis casas, Sábado (29).
Onze pessoas foram mortas, segundo os activistas. Em alguns casos, foram enterradas duas crianças em cada cova para economizar o espaço.
Na manhã de Domingo (30), os trabalhadores estavam de volta, cavando novas covas para as próximas vítimas, independentemente de quem seja.
“Nós sabemos que o avião está a vir para nos atacar, portanto estamos a nos preparar”, disse Abu Sulaiman, um dos poucos homens a prepararem as covas no cemitério Sheikh Saad.
“Os massacres estão a acontecer. Estamos a colocar dois ou três corpos juntos. Estamos a trabalhar e a cavar desde 6 horas da manhã. Vamos cavar dez novas covas hoje”, disse ele.
Após 21 meses de guerra, os rebeldes capturaram boa parte do norte e do leste da Síria. As forças leais ao presidente Bashar al-Assad ainda controlam o altamente povoado sudoeste, a principal rodovia norte-sul e a costa mediterrânea.
O governo também detém bases aéreas pelo país, as quais as tropas defendem com artilharia e ataques aéreos, contra combatentes pouco armados.
Azaz está próximo de uma dessas bases: o aeroporto militar Menagh. Os rebeldes cercaram o local e têm lançado ataques nas últimas semanas, provocando reacção de retaliação nas cidades próximas.
Por causa da proximidade, os moradores passaram a aguardar esses ataques. Mais de 45 mil pessoas foram mortas na guerra entre os rebeldes, a maior parte da maioria Sunita, e forças leais a Assad.
O presidente sírio faz parte da minoria Alawite –uma ramificação do Islamismo Xiita– e cuja família governa a Síria por 42 anos.