O procurador-chefe do Egito, forçado a demitir-se, esta semana, depois de protestos da oposição, recuou na decisão, esta Quinta-feira (21), preparando o cenário para mais tumulto no momento em que a nação vota num referendo sobre o futuro político.
O procurador Talaat Ibrahim, apontado pelo presidente Mohamed Mursi quando assumiu novos poderes, mês passado, disse que mudou de ideia porque a sua demissão, Segunda-feira, tinha sido apresentada sob coação.
Ibrahim tinha saído depois que mais de 1.000 membros da sua equipe reuniram-se no seu escritório no Cairo para exigir que ele renunciasse.
A decisão de Mursi de nomear Ibrahim, em vez de deixar a nomeação para as autoridades judiciais, ameaçou a independência do poder judicial, afirmaram os promotores irritados.
Ibrahim descreveu a sua saída do cargo como “misteriosa e anormal” e disse que agora caberia ao ministro da Justiça decidir sobre o seu futuro, de acordo com o site estatal de notícias Al-Ahram.
Vários promotores imediatamente anunciaram que estavam a suspender o trabalho e iriam organizar um protesto aberto fora do escritório de Ibrahim.
A decisão de Ibrahim de voltar atrás aconteceu 48 horas antes de os egípcios votarem num referendo sobre uma nova constituição defendida por Mursi como um passo vital na transição do Egito para a democracia quase dois anos depois da queda de Hosni Mubarak.
A oposição, enfrentando possível derrota sobre a constituição, insistiu aos eleitores para rejeitar a Carta Magna apoiada pelos islâmicos e comprometeu-se a lutar para alterá-la durante as eleições no próximo ano.
A oposição, uma coligação de liberais, esquerdistas, cristãos e muçulmanos seculares, pediu um voto “não” contra um documento que considera inclinado demais para o islamismo.