Um ano depois da entrada em funcionamento do Centro de Saúde de Mutava-rex, arredores da cidade de Nampula, Norte de Moçambique, os moradores do bairro com o mesmo nome da unidade sanitária continuam a enfrentar problemas para ter acesso aos cuidados de saúde. Os serviços localmente prestados não satisfazem aos utentes. Para os residentes das zonas próximos, como Namutequeliua, na Unidade Comunal de Nampaco, recorrer àquele hospital, em caso de doença, é perder tempo.
A população de Mutava-rex percorre longas distâncias para beneficiar de um tratamento médico, dirigindo-se aos centros de saúde de 1º de Maio, de Namicopo, 25 de Setembro, há mais de 10 quilómetros do centro da cidade, ou mesmo ao Hospital Central de Nampula.
O @Verdade apurou que as principais doenças que afectam os residentes daquele bairro são a malária, a cólera e as dores de cabeça. Para além da falta de um atendimento humanizado, os utentes daquele centro de saúde são constantemente confrontados com a ruptura de stock de medicamentos. A alternativa têm sido as farmácias privadas.
Pacientes são extorquidos
Em contacto com a nossa Reportagem, os residentes do bairro de Mutava-rex acusam os técnicos daquele centro de saúde de mau atendimento e relacionamento com os pacientes. Quem quiser ser melhor atendido é obrigado a pagar algum dinheiro. Os que não se submetem à extorsão são relegados a segundo plano. As mulheres que dão à luz naquele centro são as maiores vítimas.
Os residentes de Mutava-rex queixaram-se igualmente do transporte semicolectivo de passageiros que não permite que eles cheguem a qualquer hospital a horas.
Agentes da saúde trabalham duas vezes por semana e não cumprem horário
No Centro de Saúde de Mutava-rex, o @Verdade apurou que os técnicos só se apresentam aos seus postos de trabalho duas vezes por semana, concretamente às segundas e sextas-feiras. Os utentes suspeitam de que eles tenham assumido outros compromissos com algumas organizações não-governamentais. Consequentemente, os serviços médicos no mesmo centro só são prestados nesses dias úteis. No fim-de-semana e aos feriados, não é possível contar com eles. Em caso de doença, a população fica entregue à sua própria sorte.
Segundo os nossos entrevistados, há vezes que os agentes da saúde entram às 12 horas e, quando chegam, atendem poucas pessoas. Há relatos de casos de serventes que substituem os enfermeiros. Aliás, uma das serventes confirmou à nossa Reportagem os atrasos dos técnicos.
Mariamo Vicente, de 31 anos de idade, é um cidadão que encontrámos no referido centro na companhia do seu filho, que padecia de malária. “O director provincial da Saúde, o presidente do município, e o governador já sabem disto, mas, infelizmente, a intervenção deles não se faz sentir”, lamentou.
Falta água
Os problemas do Centro de Saúde de Mutava-rex não são somente os acima narrados, há ainda a falta de água, situação que abrange também o bairro todo. A limpeza daquela unidade hospitalar é feita com muito sacrifício. O @Verdade constatou que o tanque de água que é abastecido pela chuva estava seco, pois já decorre algum tempo sem que, ao menos, chuvisque nesta parcela do país.
Enquanto isso, os moradores usam poços porque não existe nenhum sistema convencional de abastecimento do precioso líquido.