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Países da Europa do Leste reagem de forma diferente à crise

A Europa Oriental, uma das maiores vítimas da crise econômica mundial, esconde realidades muito diferentes de um país para o outro, num momento em que a comunidade internacional tenta reforçar sua ajuda à região.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) concedeu nesta quinta-feira um empréstimo de três bilhões de euros à Sérvia, um dia depois de autorizar, junto com o Banco Mundial (Bird) e a União Europeia (UE), um empréstimo de 20 bilhões de euros a Romênia, e de desbloquear a segunda parcela de sua ajuda de 11,8 bilhões de euros à Hungria.

Atingidos em cheio pela crise, junto com os países bálticos e a Ucrânia, estes Estados não representam, porém, a totalidade dessa zona. “A tendência de considerar que todos esses países são iguais perante a crise é errônea”, destacou Leon Podkaniner, do Instituto de Estudos Econômicos Comparados de Viena (WIIW), criticando diretamente o Bird.

Apesar de registrarem uma forte desaceleração de crescimento e um aumento do desemprego, a República Tcheca, a Polônia e a Eslováquia ainda têm chances de escapar da recessão em 2009. A Eslovênia está no mesmo caso, apesar da previsão de que seu Produto Interno Bruto (PIB) cairá 4% este ano. Estes quatro países mantêm uma estrutura econômica sólida e “não precisam de nenhuma forma de ajuda neste momento”, afirmou Podkaniner.

A UE anunciou na semana passada o aumento para 50 bilhões de euros de sua verba de empréstimos de emergência aos países da Europa do Leste em dificuldades. Praga e Varsóvia saudaram a decisão, mas destacaram que a medida serve apenas para seus vizinhos e que não querem ser rotulados de países em dificuldades econômicas.

O primeiro-ministro húngaro, Ferenc Gyurrcsany, se referiu recentemente às “novas linhas de fratura” da Europa, 20 anos depois da queda da Cortina de Ferro. A crise acontece num momento em que o comércio entre o Leste e o Oeste da Europa é muito forte.

De acordo com o banco austríaco Raiffeisen International, os países da zona euro têm um superávit anual de 60 bilhões de euros com a Europa Central. A Hungria, o novo membro da UE mais atingido pela crise devido a uma dívida pública alta e ao endividamento dos particulares em divisas, já obteve em outubro de 2008 um crédito de 20 bilhões de euros do FMI, da UE e do Bird.

Apesar de ter sido elogiado pelo FMI por sua gestão da crise, o chefe do governo minoritário, o muito impopular socialista Ferenc Gyurcsany, jogou a toalha, afirmando que não conseguiria aplicar as medidas preconizadas pelo Fundo para conter a crise.

Ao contrário, a renúncia, nesta semana, do primeiro-ministro tcheco, o liberal Mirek Topolanek, em plena presidência da UE, foi provocada por divergências sobre a integração europeia, e não pelas consequências da crise econômica. Para o WIIW, paradoxalmente, o fato de a Polônia e a República Tcheca não terem integrado a UE acabou ajudando.

“Na ausência de importantes créditos em divisas estrangeiras, como na Ucrânia, na Hungria ou na Romênia, estes países se beneficiaram da desvalorização de sua moeda local, favorável às exportações”, explicou Leon Podkaniner.

Ao contrário, os países bálticos e a Bulgária foram prejudicados neste âmbito pela indexação de suas divisas respectivas ao euro. A Eslováquia também pode acabar pagando o preço de sua adesão à moeda única no dia 1 de janeiro deste ano. Em previsões publicadas no início de março, o WIIW antecipou um crescimento médio nulo dos dez países da Europa Central e Oriental membros da UE (+4,4% em 2008).

O desemprego deve chegar a 12% na Polônia e a mais de 6% na República Tcheca.

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