Em Maputo, construir uma habitação, sobretudo para quem aufere um parco salário, está cada vez mais difícil. Desde Outubro passado, os preços de diferentes materiais de construção registaram uma subida em flecha, facto que, esta segunda-feira, foi confirmado pelo Instituto Nacional de Estatística ao afirmar que o agravamento esteve na ordem de 1,3 porcento. Em Nampula observa-se, há semanas, uma situação inversa. O mesmo material tende a reduzir, timidamente, mas para um cidadão pacato aniquila qualquer hipótese de pensar erguer uma casa de alvenaria melhorada.
O @Verdade deslocou-se a alguns estabelecimentos comerciais vocacionados na venda de materiais de construção, na capital do país, e constatou que o saco de cimento, que antes era vendido a 240 meticais, passou a custar 280. Consequentemente, o bloco de construção também sofreu agravamento ao ser comercializado a 14 meticais, contra os anteriores 11.
Em Nampula, custa 20, 30 e 40 meticais dependendo do tamanho. Na mesma província, há três meses, o cimento oscilava entre 430 e 450 meticais, mas neste momento o preço varia de 335 a 350 meticais.
Muitas obras de construção civil que estavam paralisadas retomaram as empreitadas, alguns cidadãos também. Situação crítica mantém-se nas províncias de Niassa, Cabo Delgado e Zambézia, onde o saco de cimento varia entre 700 a 745 meticais.
Em Maputo, os varões de seis e oito milímetros eram vendidos a 40 e 93 meticais mas agora custam 46,5 e 99 meticais, respectivamente. O mesmo tipo de varões, em Nampula, é comercializado a 85 e 105 meticais.
Ainda na capital do país, os varões 12 e 16 milímetros, que antes custavam 200 e 382 meticais, respectivamente, foram empolados para 219 e 399 meticais. Os varões de 20 e 25 milímetros deixaram de custar 612 e 980 meticais, tendo o preço sido reajustado para 629 e 999 meticais, respectivamente.
Se para os que auferem ordenados razoáveis estes custos são até certo ponto cobríveis, aqueles que mensalmente recebem um salário mínimo de 2.300 meticais levam, sem dúvidas, as mãos à cabeça porque inevitavelmente o sonho de habitar numa casota melhorada fica, por enquanto, adiado.
Alguns cidadãos interpelados pelo @Verdade afirmam que os preços são exorbitantes. Segundo contam, as suas obras estão há um mês paralisadas porque não é só o cimento, os varões, as chapas de zinco, os barrotes, dentre outros materiais que registam uma subida de preço.
“Os preços de materiais de construção são muito elevados. Para muitos desempregados, como eu, é preciso um milagre para conseguir juntar dinheiro e comprar 10 chapas, por exemplo”, disse Cidália Tembe, que está a construir a sua residência no bairro do Xipamanine, na cidade de Maputo.
Nesta urbe, o agravamento de preço de um certo produto costuma ser, propositadamente, repercussivo e um motivo para especulação. Por isso, enquanto as prometidas fábricas de cimento não se concretizam para atenuar este problema, os cidadãos estarão constantemente a levar as mãos à cabeça.
Na sua ronda por alguns armazéns, o @Verdade apurou que materiais como cimento, varões, há meses que são escassos nos país. Os importadores reduziram as importações por razões que não nos foram reveladas, mas para influenciar a subida dos preços dos mesmos.
João Mazive, vendedor de material de construção no mercado de Xipamanine, disse que a subida do preço de cimento, por exemplo, deve-se à fraca produção no mercado interno perante a crescente demanda que também abre espaço para a especulação.
Ruben Come, técnico do Instituto Nacional de Estatística, disse que o material de construção e manutenção de habitações contribuiu significativamente no aumento do preço dos demais produtos e na inflação acumulada negativa de menos 0,11 porcento em Outubro passado.

