Um general chinês que tinha chances de ser promovido durante a próxima troca de liderança no país será preterido por ter ajudado a derrubar um colega que será julgado por corrupção nos próximos meses, segundo três fontes independentes.
A revista Phoenix, que é editada em Hong Kong com patrocínio do governo chinês, informou, este mês, que a corte marcial do general Gu Junshan deve expor o maior escândalo de corrupção militar na China desde a ascensão do regime comunista, em 1949.
A revista disse que Gu construiu um suntuoso imóvel no centro de Pequim, mas não revelou detalhes sobre a quantia envolvida. O general, de 56 anos, foi demitido, este ano, do cargo de subdirector de logística do Exército, e detido para interrogatórios.
O caso, segundo as fontes ligadas à cúpula chinesa, acabou por abalar as chances de promoção do general Liu Yuan, comissário político do Departamento de Logística, que esperava tornar-se membro, ou mesmo vice-presidente, da poderosa Comissão Militar Central do Partido Comunista, a ter a sua nova composição definida ainda este ano.
Uma fonte disse que “Liu Yuan tornou-se um herói anti-corrupção”, mas que a revelação do escândalo incomodou figurões, “o que prejudica as suas chances de promoção”. Essa mesma fonte disse que a investigação sobre Gu já foi concluída, e entrará agora na fase judicial.
O paradeiro do general é desconhecido. Ao ajudar a derrubar Gu, Liu procurou apresentar-se como um ousado paladino anti-corrupção, mas a manobra parece ter dado errado, uma vez que ele irritou grupos ligados a Gu e abalou a imagem das Forças Armadas, segundo as fontes.
“Gu Junshan está sob investigação há cerca de cinco meses. É um caso complexo e difícil… uma espada de dois gumes, com garantias de conferir alguma credibilidade, mas que causa ressentimento entre colegas”, disse uma segunda fonte.
O facto de Liu ter ligações com Bo Xilai, político que caiu em desgraça nos últimos meses, também abalou as suas chances de promoção, segundo as fontes. Bo, antes uma estrela em ascensão na política chinesa, foi expulso do partido no mês passado por causa de abuso de poder, corrupção e outros crimes.
A agência estatal de notícias Xinhua informou, esta Sexta-feira, que ele também teve o seu mandato parlamentar cessado.
As Forças Armadas chinesas já estão a passar por uma reformulação, às vésperas do congresso partidário que encaminhará a sucessão política no país, um processo que ocorre uma vez a cada dez anos.
Terça-feira, o brigadeiro Ma Xiaotian foi nomeado comandante da Força Aérea, em substituição a Xu Qiliang, que deve tornar-se vice-presidente da Comissão Militar. Quinta-feira, quatro generais foram nomeados para outros cargos importantes.
