A seita islamita Boko Haram e as forças de segurança nigerianas podem bem ter cometido crimes contra a humanidade durante os três anos de conflito que já matou pelo menos 2.800 pessoas, disse a Human Rights Watch (HRW), esta Quinta-feira (11).
Os crimes contra a humanidade são crimes que podem levar a processo pelo Tribunal Penal Internacional (TPI). A Boko Haram diz que está a lutar para criar um Estado islâmico na Nigéria, e os seus combatentes mataram centenas de pessoas em ataques a bomba e com armas desde o início de uma revolta em 2009.
A seita tornou-se a principal ameaça à segurança do maior produtor africano de energia. O relatório documenta vários casos de abusos cometidos por islamitas, incluindo assassinatos brutais de civis cristãos e o assassinato de clérigos muçulmanos que os criticam.
Alguns desses ataques foram “actos deliberados que conduzem à ‘limpeza’ da população com base na religião ou etnia”. O TPI define os crimes contra a humanidade como infracções graves que são “generalizadas ou sistemáticas”.
Não houve reacção imediata da Boko Haram. O relatório também acusou a força-tarefa militar e policial conjunta da Nigéria de “abuso físico, detenções secretas, extorsão, incêndio de casas, roubo de dinheiro durante ataques e execuções extra-judiciais de suspeitos”.
O estudo foi divulgado no momento em que o Exército da Nigéria tenta afastar as acusações de um tiroteio no reduto insurgente de Maiduguri, Segunda-feira, que os moradores dizem ter matado pelo menos 30 civis.
