O coração é o órgão responsável pelo bombardeamento do sangue no organismo humano. Quando não funciona perfeitamente a pessoa fica doente se não for tratada pode morrer. O coração padece geralmente de doenças que têm cura, embora o processo seja moroso e, às vezes, repetitivo.
Os moçambicanos, em particular os citadinos da capital do país, adultos e crianças, sofrem de vários problemas que afectam o coração. As crianças, por exemplo, contorcem-se de cardiopatias congénitas e adquiridas, segundo explica a médica e cardiologista Carol Nhavoto, do Instituto do Coração (ICOR).
A cardiopatia congénita, de acordo com Carol Nhavoto, é uma doença com a qual a criança nasce. E dos vários problemas congénitos que afectam o coração, constam a troca de posições entre as cavidades das aurículas e dos ventrículos e a existência de um ou mais buracos no coração, o que provoca uma comunicação intra-ventricular.
Em relação a cardiopatia adquirida, a médica refere que a mesma é causada por bactérias responsáveis pela produção de toxinas que posteriormente se depositam nas válvulas, dificultando a circulação do sangue. Um dos sintomas é a febre reumática.
No ICOR, semanalmente são submetidas à cirurgia do coração duas pessoas, número que aumenta quando há missões estrangeiras provenientes de Portugal, França e Suíça. Contudo, nem todas elas são bem sucedidas. A cardiologista afirma que são pouquíssimos os casos em que a operação dá errado.
“Existem pacientes que são submetidos à cirurgia mais de uma ou duas vezes, dependendo da complexidade de cada caso. Depois de operado o coração, a criança deve continuar a medicar até os 35 anos de idade. A medicação consiste na ingestão da metade de um comprimido chamado Fenoximetil penicelina, de manhã e à noite. Para além dos antibióticos usa-se a injecção, denominada Penicelina Bezantinica, que é dada à pessoa uma vez por mês. Mas provoca alergias, razão pela qual o ICOR privilegia os antibióticos”, explicou Carol Nhavoto.
História dos pacientes na primeira pessoa
Edmilson Lizete, de 14 anos de idade, estudante da 9ª Classe, residente em Maputo, sofreu duas intervenções cirúrgicas no coração. A primeira, em 2008, quando altura em que foi descoberta a doença. A segunda, em 2012. Encontramo-lo numa sala que é destinada a crianças internadas para operação ou em recuperação. Ali, os petizes têm papel branco de formato A4 e lápis de carvão para desenharem as suas imaginações.
Ao @Verdade, Edmilson garantiu que se sente muito bem e é capaz de correr e jogar com os seus amiguinhos sem problemas.
Amina Izac é mãe de Jorge Nhamazau, um bebé de somente um ano e três meses, proveniente da cidadã da Beira, província de Sofala. “Estamos internados desde Junho deste ano porque o meu filho tem cardiopatia. Vai ser operado esta semana. Os médicos descobriram que Jorge tem problemas no coração depois do parto na Beira e me transferiram para o ICOR”.
Enquanto a mãe dialogava com a nossa reportagem, o pequeno Jorge dormia profundamente no berço ao lado da progenitora. Aliás, Amina disse que levou o filho ao centro de saúde porque estava com febre. Os exames médicos concluíram que o petiz estava com um dos lados dos pulmões entupido e o sangue não entrava no coração.
Outra interlocutora é Custódia Bila, também internada com Paulo, seu filho de 6 anos de idade. Foi operado com sucesso há três meses. Aguarda pela alta. Enquanto interagíamos com Custódia, Paulo perguntava à mãe quando é que regressariam ao convívio familiar.
Para o agrado da Custódia, o filho recupera satisfatoriamente. Não mais transpira como no passado, antes da cirurgia.
