As exportações japonesas sofreram em fevereiro um queda interanual recorde, de quase 50%, que coloca a segunda economia mundial a caminho da mais grave recessão desde a Segunda Guerra Mundial, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira.
A economia japonesa, altamente dependente de suas exportações, foi uma das mais afetadas pela crise econômica mundial, que reduziu drasticamente a demanda de automóveis e de produtos tecnológicos.
As exportações de automóveis japoneses caíram 72,9%, as de semicondutores, 51,1%, e as de televisores, 63%.
“As exportações japonesas não parecem capazes de se recuperar (rapidamente) e é difícil prever uma recuperação rápida, a menos que a crise financeira mundial se amenize”, disse Ryohei Muramatsu, analista do Commerzbank.
O faturamento externo do Japão caiu em fevereiro 49,4% em relação ao mesmo mês de 2008, depois de ter caído 45,7% em janeiro, indicou o ministério das Finanças.
Os embarques para os EUA e para a Europa caíram em fevereiro mais da metade (-58,4% e -54,7% respectivamente), enquanto os destinados ao mercado chinês recuaram 40%.
A economia japonesa registrou no último trimestre de 2008 seus piores resultados em quase 35 anos, com uma queda de 12,1% de seu Produto Interno Bruto (PIB) em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Os analistas prevêem dados ainda piores no primeiro trimestre deste ano. O economista Akira Maekawa previu uma contração de 15,1% do PIB, o que seria o pior resultado desde 1945.
Apesar da queda brutal das exportações, o Japão obteve em fevereiro um excedente comercial de 82,35 bilhões de ienes (840 bilhões de dólares), dado que as importações também caíram, 43%, devido à desaceleração econômica e dos preços mais baixos das matérias-primas e a energia.
Este superávit da balança comercial é inferior em 91,2% ao registrado em fevereiro do ano passado, mas é o primeiro em cinco meses e desmente as previsões dos analistas, que apostavam em média num déficit de 13,7 bilhões de ienes, segundo pesquisa realizada pelo DowJones Newswires.
Mas o resultado de fevereiro não favorece muito o otimismo.
“A forte queda das exportações e das importações são a prova da contração da economia mundial”, disse Kyohei Morita, economista chefe do Barclays Capital.
Gigantes corporativos japoneses como Toyota e Sony cortaram milhares de postos de trabalho e registraram perdas enormes.
“O crescimento do Japão dependia exclusivamente das exportações. É natural que o japão esteja sendo muito mais afetado pela crise do que os demais países”, comentou Noriko Hama, professor da Doshisha Business School.
O primeiro-ministro, Taro Aso, anunciou este mês planos de estímulo econômico e o banco central cortou quase para zero sua taxa básica de juros, para tentar dinamizar o crédito.
Para os analistas, a economia japonesa só vai começar a se recuperar quando a demanda dos EUA e da China voltarem a crescer.