O secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, reconheceu nesta segunda-feira que os Estados Unidos estão assumir “riscos” com o lançamento de um plano para adquirir os ativos podres dos bancos, no valor de 500 bilhões de dólares, podendo movimentar até um trilhão de dólares, e que vem sendo defendido pelo presidente Barack Obama como crucial para reativar o crédito.
A Comissão Federal de Seguros de Depósitos Bancários (FDIC), que regula o sistema bancário, auxiliará os bancos que quiserem se desfazer de suas dívidas de risco, e dará uma garantia e uma ajuda para o financiamento aos investidores que se dispuserem a adquiri-las.
Os empréstimos em questão serão depois vendidos por um sistema de leilões. Para a compra e gestão a longo prazo dos títulos, o Tesouro vai se associar a gestores de fundos privados (são cinco, até agora) e concederá um financiamento adicional, que pode chegar a um trilhão de dólares.
Para os títulos atrelados a ativos imobiliários, os investidores interessados poderão se beneficiar de um acesso facilitado ao crédito ao consumo através do Programa de Alívio para Ativos Problemáticos (Tarf, na sigla em inglês), recentemente lançado pelo Federal Reserve (Fed), para obter parte do financiamento necessário para realizar a compra.
“Não há dúvida de que o Estado está a assumir riscos”, disse Geithner. “Não é possível resolver uma crise financeira sem que o Estado assuma riscos”.
O presidente Barack Obama declarou-se “muito confiante”, nesta segunda-feira, afirmando que o novo plano de sua administração para livrar os bancos de seus ativos podres contribuirá para o desbloqueio dos mercados de crédito, que atrapalha a recuperação econômica.
“Consideramos que este é um elemento a mais, que será absolutamente crítico para conseguir que o crédito flua novamente”, estimou Obama, após uma reunião com seus conselheiros econômicos na Casa Branca. “Isso não acontecerá da noite para o dia, ainda há muita fragilidade nos sistemas financeiros, mas creio que estamos avançando na direção correta”, acrescentou.
Obama confirmou que participará da cúpula do G20 em Londres, para ter certeza de que as medidas tomadas pelo governo americano para combater a crise “tenham, efetivamente, seu correspondente nos outros países”. Geithner deve acompanhá-lo à Inglaterra.
O plano do Tesouro americano apresentado nesta segunda-feira tem como objetivo livrar os bancos de seus ativos podres, associando investidores privados e fundos públicos. A iniciativa consiste em comprar empréstimos e títulos invendíveis que atolaram os bancos depois da explosão da bolha imobiliária.
Estes ativos deterioraram a capacidade dos bancos de conceder crédito, prejudicando o consumo e o investimento, motivo pelo qual o saneamento de seus balanços é considerado essencial para estimular a atividade econômica. O plano tentará fazer com que “as famílias obtenham empréstimos simples de consumo, empréstimos para a compra de veículos, empréstimos para estudantes, para garantir que as pequenas empresas financiem sua atividade, e para que relancemos a economia”, afirmou Obama.
“Começaremos a ver uma luz de esperança no mercado imobiliário”, concluiu o presidente. O plano se soma a outras medidas já tomadas para tirar o país da grave crise de créditos, como o relançamento do crédito ao consumo e uma ajuda aos proprietários de imóveis que estejam tendo dificuldades para honrar seus pagamentos.
O plano Geithner foi duramente criticado pelo setor privado, já irritado com a decisão do Congresso de aplicar um imposto de 90% sobre as bonificações pagas a executivos cujas empresas foram socorridas pelo Estado.