Um homem mascarado e armado matou uma pessoa dentro de um teatro em Montreal, onde a líder do partido separatista do Québec, o Partido Quebequense (PQ), estava a comemorar uma acirrada vitória eleitoral nessa província do Canadá, informou a polícia, esta Quarta-feira (5).
O tiroteio ofuscou a notícia de que o Partido Quebequense venceu os Liberais, do actual governo provincial, na votação da Terça-feira.
Mas como o seu partido conquistou uma maioria pequena (31,9 por cento para o PQ enquanto os Liberais ficaram com 31,2 por cento), a primeira-ministra eleita, Pauline Marois, terá que contentar-se com um governo de minoria, o que efectivamente afasta a possibilidade doutro referendo sobre a separação do Québec do Canadá.
Marois, a primeira mulher no cargo de primeiro-ministro do Québec, havia acabado de dizer num comício de apoiantes que a província seria um dia independente, quando os seus guarda-costas correram para retirá-la do palco.
Mais tarde, ela voltou para terminar o discurso. O incidente foi chocante para o Canadá, onde os níveis de homicídio são cerca de um terço dos que ocorrem nos Estados Unidos e a violência política é extremamente rara.
A polícia de Montreal disse que um homem de cerca de 50 anos entrou na parte de trás do teatro Metrópolis pouco antes da meia-noite com um rifle e um revólver e disparou contra duas pessoas. Segundo a polícia, um homem de 40 anos morreu no local, outro foi levado ao hospital em estado grave.
A emissora de televisão RDI mostrou imagens de policiais a subjugar um homem forte que portava um rifle e estava vestido de uma capa e máscara pretas. Ele pareceu ter gritado em francês a frase “os ingleses estão a acordar”.
Pauline prometeu reforçar as leis destinadas a garantir o domínio da língua francesa no Québec, o que tem preocupado os moradores na comunidade de língua inglesa, que é minoria na província.
“Estamos horrorizados com essa violência”, disse Carl Vallee, um porta-voz do primeiro-ministro do Canadá, Stephen Harper. O jornal La Presse citou fontes de segurança dizendo que a polícia de Montreal isolou um camião no qual suspeitava haver armas.
Outras mídias canadenses disseram que o homem morto era um técnico do teatro e o que ficou gravemente ferido era motorista do autocarro de campanha do PQ. Os governos anteriores do PQ realizaram referendos sobre a independência da região em 1980 e 1995, mas o separatismo foi rejeitado.
Embora Pauline tenha prometido realizar uma outra votação “quando for a hora certa”, isso ainda poderia levar anos. Uma pesquisa recente mostrou que apenas 28 por cento da população de Québec apoia a separação do resto do Canadá.