Depois de vários momentos de incertezas na família do Boxe em Moçambique, finalmente a Associação de Boxe da Cidade de Maputo (ABCM) decidiu, contra todas as adversidades, organizar um campeonato. O mesmo contou com o apoio dos seus filiados e serviu para o Ferroviário de Maputo demonstrar a sua pujança na modalidade.
Não constitui novidade alguma pelo menos para os mais atentos, que a modalidade de Boxe em Moçambique está esquecida e entregue à sua própria sorte. É facto, na mesma medida que as nossas políticas do desporto não são tão claras quanto parecem ser, se olharmos para o grau de envolvimento das instituições que superintendem a área.
Contudo, a cada dia que passa e graças à entrega dos clubes e dos que, felizmente ainda lhes brota alguma vontade, o nosso desporto a passo de camaleão, vai andando.
Exemplo prático, foi que, no fim-de-semana passado, decorreu em Maputo o campeonato de boxe da cidade, prova que contou com cerca de seis equipas nomeadamente: o Matchedje de Maputo, o Ferroviário de Maputo, a Academia Lucas Sinóia, o Paulo Jorge, a Rede Sicadora e por fim o Clube Juvenil do Jardim.
O que dizer do evento?
Diz o adágio popular que em dias de chuva, há muita diferença entre o estar ao relento e o esconder-se debaixo de um tecto imperfeito. Que o diga o evento que decorreu no fim-de-semana que só foi diferente do “nada”.
Para quem ficou dias a ver os intensos combates dos Jogos Olímpicos que recentemente terminaram em Londres, pode ter ficado com a sensação de que ao nível de organização, em Moçambique o boxe ainda é uma utopia. No entanto, é o que temos, é o nosso melhor.
As faltas de comparência e a não ida às pesagens por parte dos atletas, bem como a aglomeração nas mesmas classes, alguns fugindo aos seus reais pesos por temerem certos adversários, mancharam sobremaneira o evento. Aliás, até a própria arbitragem fez parte do espectáculo quando mandava silenciar o público que gritava em apoio aos seus pugilistas.
Mas no cômputo geral, é preciso dar mão à palmatória e exaltar a coragem da ABCM bem como dos intervenientes do campeonato por terem devolvido a modalidade à capital do país. Até porque, tecnicamente falando, foi um evento muito bem disputado e super concorrido.
As Máquinas não superaram a Locomotiva
Tradicionalmente em Moçambique, após o sumiço de Lucas Sinóia dos ringues, um novo nome rapidamente assentou-se no boxe: Máquina. E o mesmo, conta para já com diversas ramificações que partem de Gento à Francisco passando pelo afamado Juliano, aquele ousado pugilista que representou Moçambique nas olimpíadas de Londres.
Esta Dinastia, relativamente, domina o boxe nacional mas, desta vez e à semelhança do que sucedeu no torneio de abertura, o cenário intercalou-se: Foi a vez da família locomotiva demonstrar o seu poderio na modalidade ao conquistar maior parte dos troféus.
O Ferroviário de Maputo venceu quatro das sete classes que marcaram o campeonato nomeadamente a dos 52 kg, dos 56 kg, dos 64 kg e a dos 75 kg. As restantes foram dominadas pelo Matchedje (60 kg e 69 kg) e pela Academia Lucas Sinóia.
Lista final dos vencedores:
Felipe Mandlate – 52 kg
Cremildo Artur – 56 kg
Watch António – 60 kg
Augusto Matlule – 64 kg
Gento Máquina – 69 kg
Francisco Massitela – 75 kg
Nuro Ismael – 81 kg