O Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas (PAM) precisa de 87 milhões de dólares para alimentar dois milhões de pessoas a passarem fome nas zonas rurais do Zimbabwe.
A falta de chuva agravou a chamada “estação da fome”. Sebastian Mhofu, da VOA, visitou um dos distritos mais afectados pela fome num país que chegou a exportar alimentos. Visitou a casa de Kennedy Rusere fica no distrito rural de Buhera, a 300 quilómetros de Harare. Ao lado da mulher, falou da falta de alimentos na aldeia onde é o soba, ou régulo.
“Nós já não fazemos refeições durante o dia, pois assim a estação da fome seria mais longa. As crianças vão para o mato durante o dia, e comem alguns frutos silvestres e bebem água enquanto esperam por uma refeição à noite.” Este é um sumário da situação em Buhera desde Março passado. As crianças estão magras. Os campos estão secos.
Buhera, na província de Manicaland, é uma das quatro zonas mais afectadas pela seca. As outras, diz a ONU, são Midlands, Masvingo e Matabeleland do Sul. Liliana Yovcheva, da delegação do PAM em Harare, diz que a sua organização tem um défice de 87 milhões de dólares.
“Este ano, as necessidades são superiores às dos últimos três anos… 60 por cento mais… Ouvimos que as pessoas estão a vender o gado a preços de desespero, e a reduzir o número de refeições nas zonas rurais – um sinal claro de que a situação está a piorar. Isto costuma acontecer apenas mais tarde, em Novembro ou Dezembro”, disse.
Junica Maradzika não sabe a sua idade. Aparenta ter 80 anos. Juntamente com o marido de 90 anos cuidam de 14 netos deixados pelos filhos que faleceram.
“Quando o nosso milho esta bom para a colheita, a chuva desapareceu e os nossos campos secaram. Tínhamos quatro vacas. Vendemos uma para comprar milho mas não podemos pagar a escola dos netos”, lamenta.
Maradzika dedica-se à olaria e, com sorte, ganha 5 dólares por semana – pois há dias em que não vende nada. Espera ajuda esperando evitar a fome… dela e dos netos. O governo diz que procura dinheiro para importar milho.
O Zimbabwe foi em tempos exportador de alimentos, mas a produção foi drasticamente reduzida quando o presidente Robert Mugabe mandou confiscar as fazendas dos agricultores brancos, no ano 2000.
Algumas são produtivas, com os seus novos proprietários negros, mas a agricultura e a economia ainda não recuperaram, obrigando o Zimbabwe a importar muitos dos seus alimentos.