O Federal Reserve anunciou nesta quarta-feira que vai comprar títulos de longo prazo do Tesouro americano no valor de até 300 bilhões de dólares nos próximos seis meses.
O objetivo dessa medida, que deverá ter como efeito a diminuição das taxas de longo prazo, é “ajudar a melhorar as condições nos mercados privados de crédito”, indicou o Fed no comunicado divulgado ao final de dois dias de reunião de seu Comitê de Política Monetária (FOMC) em Washington.
O Fed, que reiterou o seu compromisso de utilizar “todos os meios a sua disposição” para ajudar a retomada da economia, indica também que vai aumentar seu programa de compras de títulos apoiados em ativos imobiliários de 750 bilhões de dólares, para contribuir com no máximo 1,25 trilhão de dólares.
O objetivo desse programa de compra de títulos emitidos pelos organismos de refinanciamento hipotecário Fannie Mae e Freddie Mac é baixar ao máximo o custo dos empréstimos imobiliários.
Sem surpresa, o banco central manteve sua taxa básica de juros em uma margem de flutuação de entre 0 e 0,25% em vigor desde dezembro.
Contrariamente ao que ocorreu na reunião de janeiro, as decisões do Comitê foram adotadas por unanimidade.
Considerando limitados os riscos de inflação, o Comitê indicou que as pressões deflacionistas não desapareceram completamente.
Reiterou que há uma possibilidade de que a inflação possa se manter por algum tempo abaixo de um nível “que favoreça um maior crescimento econômico e a estabilidade dos preços no longo prazo”.
O FOMC deverá examinar os efeitos das medidas excepcionais tomadas pelo Fed para apoiar os mercados de capitais, que podem significar a injeção de centenas de bilhões de dólares no circuito econômico.
Em sua primeira entrevista à TV desde que assumiu a Presidência do Fed em 2006, Ben Bernanke havia previsto no domingo que a pior recessão dos Estados Unidos em muitas décadas poderia terminar este ano, com um início de recuperação em 2010.
Os primeiros sinais de recuperação econômica já são evidentes, disse Bernanke em entrevista concedida ao programa de TV “60 Minutes”.
Prevendo que não haverá mais quebra de bancos, Bernanke também pediu que os políticos mostrem sua vontade de recuperação, alegando que o mundo chegou “muito perto” de um colapso geral em setembro, antes da intervenção do governo.
O presidente do banco central disse que a saída depende, em grande parte, da estabilização do sistema bancário.
“No próximo ano veremos o início da recuperação e esse movimento ganhará impulso com o tempo”, indicou.