Moçambique ainda dispõe de 377 áreas produtivas suspeitas de estarem minadas em vários pontos do país, numa extensão de 16 milhões de metros quadrados, localizadas em 40 distritos, maioritariamente nas províncias centrais de Sofala, Tete, Manica e meridional de Maputo.
A zona da fronteira entre Moçambique e Zimbabwe, numa extensão de 2.93 milhões de metros quadrados, a Barragem de Cahora Bassa e as linhas de transporte de energia eléctrica de alta tensão figuram neste grupo dos pontos mais afectados.
Estas áreas deverão estar livres destes engenhos explosivos até 2014 e para o efeito, segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Oldemiro Balói, terão que ser investidos 33 milhões de dólares norte-americanos.
O governante, que falava numa reunião entre o Governo e os parceiros de cooperação do Programa de Acção Contra as Minas, realizado Quarta-feira (4), em Maputo, salientou que parte deste valor já está assegurada e há um défice de 17.9 milhões de dólares.
“Queremos, uma vez mais, convidar a comunidade internacional a juntar-se a nós nesta recta final de implementação, com sucesso, do programa de desminagem para que, em conjunto, possamos celebrar um Moçambique livre de minas”, disse o ministro, citado, Quinta-feira, pelo “Diário de Moçambique”.
O país, segundo ele, tem plenas condições para se tornar no primeiro dos cinco países mais afectados por minas antipessoal, no mundo inteiro, a cumprir com as suas obrigações, no âmbito do Artigo 5 da Convenção de Ottawa, Tratado para o Banimento das Minas Anti-pessoal.
O plano de desminagem para este ano prevê a limpeza de 254 áreas, numa extensão de oito milhões de metros quadrados em 35 distritos. Para o efeito, serão investidos 17.5 milhões de dólares, dos quais 13.8 milhões já estão assegurados.
A outra parte, de oito milhões de metros, localizada em 123 áreas de 12 distritos, vai ser desminada em 2013, num investimento necessário de 15.8 milhões de dólares.
Baloi explicou que um dos maiores desafios está ligado à educação e sensibilização das populações sobre o perigo das minas, que continuam a causar danos, em particular mortes e mutilações.
Disse que de 2008 a 2011 se registaram, em todo o país, 23 acidentes com artefactos explosivos, que resultaram em 23 mortes e 35 pessoas com traumatismos físicos e psíquicos.
“Estes vitimaram, na sua maioria, jovens e crianças em idade escolar, incluindo sapadores em operações de desminagem”, disse, acrescentando que, nos últimos anos, foram realizadas acções de sensibilização das comunidades abrangendo mais de 27 mil pessoas.
Referiu que entre 2008 e 2011, o país libertou 728 áreas perigosas, totalizando uma extensão de cerca 20 milhões de metros quadrados de terras que estavam indisponíveis ao desenvolvimento de actividades socioeconómicas.
A coordenadora residente do Sistema das Nações Unidas em Moçambique, Jennifer Topping, realçou o grande progresso conseguido pelo país na desminagem, ao alcançar 80 por cento das áreas previamente identificadas, meta que constitui uma enorme conquista.
A responsável disse que apesar das novas áreas identificadas, o correspondente a 16 milhões de metros quadrados, reina uma forte convicção de que o Plano de Acção do Governo estabelece os mecanismos claros para se atingir o objectivo.
“Reconhecemos a magnitude e a complexidade da tarefa de livrar de minas um país tão extenso como Moçambique. É daí que, embora se registem avanços dos programas de acção contra minas, os desafios por transpor continuam enormes”, disse a fonte, sublinhando a importância do apoio financeiro, político e técnico dos países parceiras e do Governo.