Os postos de gasolina na Argentina começaram a ficar com pouco combustível, esta Quinta-feira, à medida que os camionistas em greve bloqueavam depósitos e refinarias num dos maiores desafios sindicais ao governo da presidente Cristina Kirchner.
A greve de três dias dos camionistas de combustível deve terminar, Sexta-feira, mas o chefe sindical, Hugo Moyano, que lidera a federação trabalhista CGT, prometeu anunciar uma greve nacional de todos os camionistas.
Ele dará uma entrevista colectiva, esta Quinta-feira, para detalhar o alcance do protesto. Cristina retornou cedo ao país de uma viagem ao exterior devido ao protesto do sindicato dos motoristas de camião, temido pelos governos por sua capacidade de colocar a terceira maior economia da América Latina num impasse.
Ela enviou a polícia militar para proteger os depósitos de combustíveis e refinarias de petróleo bloqueadas por camionistas e implementou planos de abastecimento de emergência num esforço para evitar o não abastecimento, uma situação que não é vista desde uma rebelião por parte dos agricultores em 2008.
“Actualmente, o fornecimento de combustível caiu 70 por cento”, disse Luis Malchiodi, presidente da Federação das Entidades de Combustível da província de Buenos Aires (FECOBA).
“Ao meio-dia de amanhã, praticamente não haverá nada restante em qualquer lugar.” Rosario Sica, o chefe doutro grupo da indústria, disse que “se a greve dos camionistas de combustível continuar, haverá problemas amanhã”.
O governo abriu um processo-crime sobre a greve e multou o sindicato dos camionistas em quatro milhões de pesos por desafiarem uma ordem para negociar, o que provocou a ira de Moyano, cujo filho comanda o sindicato.
Os dois homens estão em desacordo com Cristina. Moyano costumava ser um aliado próximo da presidente, mas a sua aliança estratégica entrou em colapso no último ano, aumentando a ameaça de problemas trabalhistas.
Vários outros sindicatos prometeram apoio aos camionistas. Se a greve de três dias terminar como o planeado ao meio dia da Sexta-feira, as graves complicações para o transporte de grãos e refinarias de petróleo são improváveis.
A Argentina é um dos maiores exportadores mundiais de cereais e a grande maioria dos produtos agrícolas é enviada aos portos de camiões.
Os agricultores, que estão próximos do fim da colheita da soja e milho deste ano, também são grandes consumidores de combustível. O sindicato dos camionistas lançou o seu protesto visando a distribuição de combustível para exigir um aumento salarial de 30 por cento e reduções de imposto de renda.
A inflação anual está estimada em cerca de 25 por cento na Argentina, provocando agitação trabalhista à medida que a economia esfria depois de um longo boom.
A greve reflecte também a disputa pela posição dentro da CGT, que realiza eleições próximo mês, e dentro do partido peronista fragmentado de Cristina, afirmam os analistas políticos.