As tropas em Mianmar assassinaram, torturaram e estupraram civis desde que os confrontos com os rebeldes intensificaram-se no norte do Estado de Kachin, há nove meses, levando 75.000 pessoas a deslocarem-se, disse um grupo de direitos humanos, esta Terça-feira.
Os soldados do governo bloquearam o acesso de ajuda humanitária e atacaram pessoas inocentes com armas leves e pesadas, incendiando aldeias inteiras, sequestrando mulheres e forçando crianças com cerca de 14 anos a serem carregadoras, de acordo com um relatório da Human Rights Watch (HRW).
Depois de entrevistar mais de 100 moradores, vítimas e desertores do Exército nos campos dos refugiados em Kachin e na província de Yunnan, na China, a HRW pediu ao governo de Mianmar para permitir o acesso às equipes de ajuda humanitária e para investigar os supostos abusos.
O governo de Mianmar está em negociações com os rebeldes de Kachin e mais de uma dúzia de grupos armados ou políticos, para tentar acabar com todos os conflitos que já duram décadas.
Os governos ocidentais condicionam um processo de paz bem-sucedido para a suspensão de sanções comerciais.
O grupo de direitos humanos, com sede em Nova York, também acusou o Exército Independente de Kachin de exacerbar o conflito usando crianças como soldados e minas terrestres contra pessoas e pediu o envolvimento internacional para deter as atrocidades.
“O Exército está a cometer abusos descontrolados no Estado de Kachin, enquanto o governo bloqueia ajuda humanitária para os mais necessitados”, disse Elaine Pearson, vice-directora da HRW na Ásia.
Os diplomatas dizem que o conflito em Kachin, que começou nos meados de 2011 depois duma trégua de 17 anos, é um dos maiores testes para o esforço de reforma do governo civil de um ano.
O relatório da HRW, compilado depois de duas visitas a nove campos nos Estados de Kachin e Yunnan, conta com os relatos de civis na linha de frente que foram torturados, forçados ao trabalho ou que testemunharam sucessivos abusos de mulheres.
