Decorre nesta quinta e sextas-feiras a Conferência Nacional sobre o Preservativo Feminino na cidade de Maputo. O encontro com mais de 100 participantes oriundos de todas as províncias de país tem como principal objectivo definir a estratégia para o acesso e uso do preservativo feminino.
A coordenadora do Programa dos direitos sexuais e reprodutivos do Fórum Mulher, Maira Domingos, disse que o encontro de dois dias é o primeiro do género, mas pretende-se que seja regular. “Nós sentimos que existem muitos mito, tabus e preconceitos a volta do uso do preservativo feminino. Umas dizem que são grandes, outras dizem serem muito rijos, o que pode provocá-las ferimentos” conta para depois acrescentar que é preciso combater este tipo de abordagens, pois fazem com que muitas mulheres não pautem por este contraceptivo que também é um meio de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis.
No entanto, Maira Domingos afirmou que este tipo de encontros também servem de sensibilização às mulheres em relação ao preservativo feminino, “doravante vamos apostar nas palestras, capacitações em torno da saúde sexual reprodutiva, com maior enfoque no uso do preservativo”, assegura.
Pouco acesso aos preservativos femininos
Um dos grandes problemas segundo a nossa interlocutora, é a fraca disponibilidade ou acessibilidade dos preservativos femininos no país, ainda que sejam de distribuição gratuita.
“Actualmente o Sistema Nacional de Saúde é que distribui este tipo de contraceptivos. Por isso, é difícil apanhar estes preservativos nas farmácias, sobretudo as privadas. Se os preservativos femininos fossem distribuídos nos mesmos moldes que os masculinos, teríamos um cenário diferente, em que muitas mulheres poderiam usá-los nas suas relações sexuais”, comenta.
A coordenadora do Programa de direitos sexuais e reprodutivos do Fórum Mulher, Maira Domingos, esclareceu que os preservativos femininos não são nada grandes como se tem dito, “foram feitos à medida do órgão genital da mulher e pode ser usado oito horas antes de a mulher entrar em relações sexuais. O preservativo dentro da vagina não impede a saída da urina, pois existe um canal próprio para o efeito, chama-se uretra”.
Nunca usei o preservativo
Aida Langa, uma das participantes do encontro, oriunda de Nampula, disse que tem 28 anos de idade e nunca usou o preservativo.
“Não por falta de acesso, mas porque não me vejo a introduzi-lo dentro do meu órgão genital, dá-me uma sensação de medo por ser rijo e grande, ele tem um anel no fundo que se calhar pode me causar ferimentos”, conta para depois acrescentar que nesta conferência ficou mais clara sobre o uso do preservativo feminino, reconhece que tinha uma série de preconceitos que a distanciavam daquele contraceptivo e agora vai passar a usá-lo.
Se para Aida o acesso não é problema, não se pode dizer o mesmo em relação a Anita Baúque de Gaza. “Eu vivo na periferia da cidade de Xai-xai onde não se conhece o preservativo feminino, muitas mulheres não fazem a mínima ideia da existência deste contraceptivo feminino”, conta acrescentando que esse desconhecimento se replica por outras partes do país, sobretudo nas zonas recônditas, onde há dificuldades de acesso à informação.