Milhares de pessoas participaram no protesto na Espanha, este Domingo, contra uma reforma no mercado de trabalho que temem acabar com os direitos dos trabalhadores e contra cortes de gastos que acusam de estar a destruir os benefícios sociais.
Os organizadores, incluindo as duas maiores entidades sindicais, a Comisiones Obreras e a UGT, afirmam que até 500 mil pessoas aderiram ao protesto em 57 cidades espanholas.As autoridades do país não deram estimativa oficial de participantes. Em Madri, num dos maiores protestos desde que a crise económica começou, quase cinco anos atrás, encheu amplos bulevares desde a estação do comboio de Atocha à praça central Sol com manifestantes de todas as idades.
“Os contratos estão a ficar piores a cada ano. Eles dizem que querem investir no futuro, mas estão a cortar o orçamento de pesquisa. Eles não estão a olhar para o futuro, mas para as próximas eleições, com os cortes a serem ditados por Bruxelas”, disse o pesquisador universitário Nacho Foche, de 27 anos.
O novo governo conservador espanhol começou o mandato de quatro anos em Dezembro com aumento de impostos e cortes de gastos avaliados em cerca de 15 bilhões de euros (19,74 bilhões de dólares) e precisa de cortar mais cerca de 40 bilhões para cumprir com duras metas de déficit definidas pela União Europeia.
O governo também aprovou reformas no sector financeiro, que forçam bancos a reconhecerem perdas no sector imobiliário, e no mercado de trabalho, que garantem mais poderes para as companhias contratarem e demitirem funcionários.
A quarta maior economia da zona do euro tem-se mantido no olho do furacão da crise de dívida desde que o govenro socialista registrou um dos maiores déficits orçamentais do bloco dos países, deixando os investidores preocupados com o risco de que o governo tenha perdido o controle sobre as finanças.
Os socialistas, derrotados nas eleições de Dezembro no meio de falhas na condução da crise, promoveram grandes cortes de gastos e reformas enquanto a economia enfrentava problemas com o estouro da bolha do sector imobiliário e a demanda doméstica em colapso.
O partido conservador, enquanto isso, afirma que a sua reforma trabalhista, aprovada a 10 de Fevereiro, dará às empresas em dificuldades maior espaço para recuperarem-se da crise e para criarem empregos num país onde quase a metade dos jovens é desempregada.