“Mãos invisíveis procuram dividir-nos”, disse o ministro guineense da Defesa, Artur Silva, nas exéquias, esta manhã, do chefe do Estado-Maior das forças armadas, general Batista Tagmé Na Waié, morto há uma semana.
A cerimónia realizada no exterior do Clube Militar, incluiu uma guarda de honra e um desfile militar. Entre as muitas centenas de pessoas presentes viram-se muitas boinas vermelhas, que se tornaram um elemento distintivo da etnia balanta, maioritária no país e dominante nas tropas.
No elogio fúnebre, Artur Silva referiu-se ao assassínio como uma “morte odiosa” e um “golpe terrível das forças armadas, perpetrado por mãos invisíveis numa tentativa de “decapitação do Estado” da Guiné-Bissau.
Na Waié foi morto no dia 1 num atentado à bomba, horas antes do Presidente João Bernardo “Nino” Vieira, ser também assassinado, este em circunstâncias que começam a conhecer-se: à catanada e a seguir a tiro. Pouco depois do segundo homicídio, um militar acusou o chefe de Estado de ter estado por detrás do ataque ao militar, antes de voltar atrás nas declarações.
As relações entre os dois homens eram há muitos anos más. Outra explicação paralela tem sido o envolvimento de interesses obscuros no quadro do narcotráfico. A Guiné-Bissau pela sua fragilidade institucional tem-se transformado nos últimos anos como uma placa giratória de distribuição de droga. O ministro guineense da Defesa reiterou depois a sua “confiança nas instituições”, referindo-se à Constituição, cujo cumprimento está a ser exigido por parte da comunidade internacional como forma de evitar que a crise desencadeada com as duas mortes alastre.
A seguir disse que as autoridades estão “determinadas” em capturar os autores dos homicídios para os fazer julgar e castigar. E que de uma maneira geral vão “combater” os “grupos perturbadores, o narcotráfico e o banditismo”, e, mais ainda, o que chamou a “tendência para o tribalismo”.
Participaram na cerimónia fúnebre entre outros o Presidente da República interino, Raimundo Pereira, e o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior. O ministro da Administração Territorial, Baciro Dabo, próximo do Presidente assassinado, disse no sábado que militares armados foram a sua casa ao princípio da tarde para deter um dos seus guarda-costas, mas que não o encontraram.
A busca terá sido ordenada pelo comité militar que chefia transitoriamente as forças armadas e realizada por um grupo de quinze homens. O homem procurado foi identificado como Bacar Sano. O ministro disse que os militares fizeram uma busca a toda a casa, depois do que partiram, afirmando embora que não sofreu qualquer intimidação, no momento em que rumores na cidade apontam para a perseguição de várias personalidades próximas de “Nino” Vieira.
O corpo do general Batista Tagmé Na Waié foi sepultado no cemitério municipal.
As exéquias do Presidente guineense estão previstas para terça-feira.