Depois de realizaar os primeiros quatro concertos cénicos nas Cidades de Maputo e Matola – com destaque para o teatro musical “O Lobolo e as 30 Mulheres de Muzeleni” – a V edição do Festival Marrabenta prossegue a sua caravana. Hoje, 02 de Fevereiro, no início da tarde o “Comboio Marrabenta”, uma das maiores atracções do festim, irá apitar com destino à Vila de Marracuene, onde realizará mais uma actividade.
Nos últimos anos – desde que se criou o Festival Marrabenta – tem sido tradição que os moçambicanos iniciem o ano a marrabentar, ou seja, passar os finais de Janeiro e inícios de Fevereiro a curtir ao som da música popular urbana moçambicana, a Marrabenta.
É com esta finalidade que às 13h desta quinta-feira, um conjunto de artistas, turistas e cidadãos comuns, partiu da Estação Central dos Caminhos de Maputo – num ambiente festivo – rumo à Vila de Marracuene, onde se realizará mais um concerto musical a associar no mesmo palco cerca de 20 artistas moçambicanos.
A experiência das edições anteriores, sobretudo a do ano antepassado, permite ao @Verdade afirmar que o “Comboio Marrabenta”, um pequeno mas significativo arranjo entre os mentores da iniciativa e a empresa moçambicana dos Caminhos de Ferro no sentido de isentar passageiros – de viagem a Marracuene – ao pagamento da tarifa, tem sido um sucesso.
Até porque é no mesmo contexto que pessoas de inúmeras nações reservam um tempo na sua agenda para visitar o país e “caírem na onda” do evento. No entanto, apesar de a Marrabenta não ser um género musical de domínio de todos (refere-se aos cidadão estrangeiros em visita ao país) o batuque, um dos instrumentos que se tem explorado bastante no evento, associa com grande facilidade e êxito os intervenientes.
É como se o referido instrumento – o batuque – com inúmeras designações entre os diversos povos e culturais, conga, tambor, por exemplo, fosse o elemento comum e mais essencial entre eles. Diríamos até, um instrumento que aglutina as culturais.
De qualquer modo, enquanto o “Comboio Marrabenta” não atracar a Marracuene, uma enorme e diversificada feira (gastronómica, agrícola, literária, artesanal, etc.) estará sendo realizada desde as primeiras horas do dia, como forma de acompanhar as cerimónias mágico-político-religiosas de Gwaza Muthine.
Aliás, este ano, 2012, celebra-se o 117º aniversário desde quando ocorreu uma das mais lendárias e mitológicas batalhas na história política de Moçambique, a de Marrcuene. A batalha cujo sucesso é inexplicável – devido à superioridade de armamento técnico do adversário – foi travada travada a 02 de Fevereiro de 1895.
De qualquer modo, recorrendo à nossa última experiência de viagem no Comboio Marrabenta realizada no ano passado, nada nos impede de afirmar que algumas músicas cantadas ao longo do percurso (de cerca de 30 quilómetros) até Marracuene já se tornaram de domínio público. Referimo-nos a composições de artistas como o Rei Fany Mpfumo, do Mestre Dilon Djindje, as duas personalidades por quem os debates públicos dividem a paternidade da Marrabenta, bem como de artistas não menos célebres como Xidiminguane, Tinito, Alberto Mhula, Alberto Mutcheca, entre outros. Sendo que outras ainda ganharam o estatuto de música folclórica.
Segundo a organização, quando forem 15.30 minutos, a praça da Vila de Marracuene irá acolher inúmeras bandas e artistas conceituados como Dilon Djindji, Xidimingwana, Mário Ntimana, Narciso Macuacua, Ilda Mpfhumo, Miguel Dimas, Tomas Urbano, Alberto Mhula, Albino Nguenha, Tinito, Ta-Basily irão se associar a cantores da nova geração como forma de hastear uma das relíquias da nossa cultura, a música, a Marrabenta. A festa será até o dia raiar.
Mais uma vez, nesta quinta edição, o Jornal @Verdade irá viajar rumo à terra de Dilon Djindje e do mestre Malangatana no Comboio Marrabenta. Como tal, o estimado leitor pode acompanhar as peripécias da viagem a serem reportadas em tempo real por meio da rede social Twitter. Acompanhe-nos.