Para continuarmos  a fazer jornalismo independente dos políticos e da vontade dos anunciantes o @Verdade passou a ter um preço.

‘@Verdade Convidada: Privatização da história de Moçambique

Hoje inicio uma série de reflexões em torno dos ditos 50 anos da Frelimo. Para já, não concordo que sejam os 50 anos da Frelimo nem 50 anos do Partido Frelimo.

Depois, acho ser confiança demais, que até roça a falta de respeito para com as instituições do Estado e do povo moçambicano em geral o Partido Frelimo pretender lançar o início das comemorações dos “seus 50 anos” justamente no dia 3 de Fevereiro, feriado nacional, dia do Estado.

Abuso de confiança como esse jamais se viu. Se já 3 de Fevereiro é feriado do Estado e 3 de Fevereiro é o Dia dos Heróis Nacionais, dia em que se evoca a Unidade Nacional, não se percebe como um partido político no Poder vai usá-lo para à custa do Estado lançar o seu dia. Se havia dúvidas da excessiva frelimização do Estado (partidarização do Estado), este evento vai tratar de dissipar.

A Frelimo como movimento de libertação surgiu em 1962, com a união de todas as forças políticas na altura existentes etc., etc. No dia 7 de Fevereiro de 1977, no Clube Militar, cidade de Maputo, surgiu o Partido Marxista-leninista, o Partido Frelimo. Esse partido faz no dia 7 de Fevereiro de 2012, 35 anos.

De onde é que tiraram os 50 anos? A isso chamo de privatização da História de Moçambique. Nada pior pode acontecer a um povo inteiro que o açambarcamento de toda a sua memória colectiva; todo o seu passado histórico em benefício de um partido político.

É preciso colocar na cabeça de todo o moçambicano uma coisa: a História de Moçambique não começa com o Partido Frelimo; Moçambique não é um apêndice histórico do Partido Frelimo. O Partido Frelimo tem a sua própria trajectória histórica que não deve ser confundida com a História de Moçambique.

O hábito de contrabandear factos históricos recorrendo à ignorância e à falta da cultura jurídica deve acabar, ou no mínimo denunciado. Arrepia-me o roubo flagrante que se pretende encetar ao povo moçambicano. É justo SIM comemorar a passagem dos 50 anos, para recordarmos a gesta libertária; a Unidade Nacional e os desafi os de hoje e do futuro.

Os dez anos de Luta de Libertação Nacional são parte da História de Moçambique e NUNCA propriedade privada do partido Frelimo. Impõe-se desta forma o resgate desse período histórico das mãos do Partido Frelimo para devolvê-lo ao legítimo povo moçambicano.

A ter que se comemorar a passagem dos 50 anos desde que os moçambicanos encetaram a derradeira batalha pela sua libertação do jugo colonial, essas comemorações DEVEM SER DO ESTADO MOÇAMBICANO e nunca do Partido Frelimo. E desta forma, a festa deverá ser de todos os Moçambicanos, sem distinção da cor ou credo político partidário; porque sim, O PARTIDO FRELIMO TEM 35 ANOS DE IDADE e nunca 50.

Quem tem 50 anos é a heroicidade do povo moçambicano que em 1962 se uniu em torno de uma Frente e não partido político, para lutar contra o colonialismo português.

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Related Posts

error: Content is protected !!