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Administrador de Moatize tenta confundir imprensa e sai em defesa da Vale

No seguimento da manifestação protagonizada por 700 famílias reassentadas pela Vale Moçambique, no Bairro de Cateme, Distrito de Moatize, na última terça-feira em protesto contra as precárias condições de vida a que estão sujeitas desde finais de 2009, o Administrador do distrito de Moatize, Manuel Guimarães, afirmou esta quarta-feira que um plano de reparação dos problemas estava previsto iniciar ontem e que o protesto veio atrasar as correcções.

Segundo a Rádio Moçambique, num encontro com jornalistas havido esta quarta-feira, onde o Administrador de Moatiza apenas proferiu as suas declaração e não deu aos profissionais da comunicação social presentes o direito a perguntas, Manuel Guimarães começou por historiar o surgimento do bairro Cateme, que conta com 750 casas de diversos tipos. Reconheceu, no entanto, haver muitas preocupações apresentadas pelos ocupantes dos imóveis. Dentre várias preocupações, apresentou a existência de fissuras, tendo afirmado que a empresa Vale Moçambique comprometeu-se a reparar, aliás, uma promessa que vem desde Setembro de 2011.

Durante a sua intervenção, Manuel Guimarães afirmou que o governo ficou surpreendido com os tumultos ocorridos no dia 10 porque o início da correcção dos erros detectados nas casas tinha sido marcado para o dia 10. “Surpreendentemente, apesar do fluxo da informação e dos esforços para a mobilização dos recursos para a área do reassentamento, o governo do distrito tomou conhecimento de que um grupo de residentes de Cateme montou barricadas na estrada e na linha férrea, alegadamente em protesto contra a demora da empresa mineira Vale Moçambique na resolução dos seus problemas associados ao processo de reassentamento”, disse o administrador.

Segundo o governante a implementação do plano de correcção das deficiências, cujo início estava previsto para o dia 10, com a implantação do estaleiro, foi precedida de um levantamento detalhado dos defeitos, orçamentação, correcção e contratação de uma empresa de construção para executar a empreitada. “O governo do distrito de Moatize lamenta profundamente a ocorrência deste incidente, uma vez que a suspensão dos trabalhos pode atrasar ainda mais o início da correcção das deficiências das casas com claro prejuízo aos nossos moradores”, referiu.

Porém, várias questões ficaram por clarificar, pois os cidadãos reassentados que se manifestaram afirmam haver enviado cartas a relatar as suas reivindição ao governo de Moatize, outra para Vale e uma terceira para a polícia, esta última avisando sobre as manifestações que acabaram por acontecer.

Portanto se os insurgentes haviam endossado uma carta, porque é que o governo não informou os manifestantes que no dia 10, o dia em que iniciaram as manifestações, a Vale começaria com as obras de correcção dos defeitos nas casas?

Porque é que os agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM) e das Forças de Intervenção Rápida, em vez de dispersar os que cidadãos que haviam colocado barricadas na linha férrea investiu sobre as pessoas indefesas com chicotadas, gás lacrimogénio e balas de borracha?

Entretanto um comunicado do gabinete do comandante da PRM em Tete, divulgado na manhã desta quarta-feira, indica que 14 pessoas estão detidas em consequência dos tumultos em Cateme.

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